O alegado envolvimento na manipulação das taxas de juro de referência, no chamado caso Libor, e os custos do processo de reestruturação interna levaram o Deutsche Bank a registar um prejuízo de 2170 milhões de euros no quarto trimestre de 2012.

De acordo com os dados divulgados pelo banco nesta quinta-feira, o desempenho negativo surpreende os analistas e representa uma queda significativa face ao lucro de 147 milhões de euros registado no mesmo período de 2011.

As despesas em tribunal e o processo de reorientação do banco para a acumulação de capital próprio contribuíram quase exclusivamente para este desempenho negativo.

Os resultados divulgados pelo Deutsche Bank mostram que as despesas judiciais chegaram aos mil milhões de euros só no último trimestre do ano. Este prejuízo parte sobretudo do processo em que o banco alemão é acusado de estar envolvido na manipulação das taxas de empréstimo interbancário de referência, as Libor e Euribor. No entanto, segundo o Financial Times, o banco alemão deve chegar a acordo com os tribunais para o pagamento de uma multa e arquivar o processo.

Os investidores esperavam que o banco alemão acumulasse resultados negativos na recta final de 2012, à medida que o processo de acumulação de capital próprio avançasse. Mas as estimativas de então mostram-se agora mais optimistas do que a realidade. Isto porque analistas ouvidos pela Bloomberg esperavam que o prejuízo ficasse pela casa dos 311 milhões de euros.

O ambicioso processo de reestruturação envolve a reorientação do Deutsche Bank para um banco de investimento menos dispendioso e com uma menor carteira de activos. Para isso, o banco cortou 1900 milhões de euros em activos só durante o quarto trimestre, o que terá também um pesado contributo nos resultados apresentados nesta quinta-feira.

A par do corte em activos, o banco aumentou os seus capitais próprios em 8000 milhões de euros. Para além destes passos, o Deutsche Bank avança com o corte de quase 2000 postos de trabalho, processo que deve estar concluído em 2015.

A reestruturação do papel do banco alemão é um processo “que demorará anos”, como afirmaram os presidentes-executivos do Deutsche Bank, Anshu Jain e Juergen Fitschen, na apresentação de resultados. As estimativas do banco passam por aumentar o lucro de capitais próprios dos 8% registados em 2011 para mais de 12% em 2015.

Citados pelo Financial Times, os responsáveis do banco disseram que estava em andamento um processo de mudança que pode ser “desconfortável”.