Desemprego nos EUA desce para níveis de 2008 e eleva expectativa em torno da Fed

Foi publicado o último indicador significativo antes da reunião onde a Reserva Federal norte-americana vai decidir sobre taxa de juro.

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Mercados à espera do que irá dizer Janet Yellen, presidente da Fed, no dia 17 REUTERS/Yuri Gripas

Apesar de a taxa de desemprego nos Estados Unidos ter descido para o nível mais baixo desde Março de 2008, a recuperação de emprego ficou aquém das previsões. Ao descer de 5,3% em Julho (que mantinha a percentagem de Junho) para 5,1% em Agosto, foram criados 173 mil novos postos de trabalho, por oposição aos 220 mil previstos.

A expectativa em torno da estatística do desemprego de Agosto nos Estados Unidos era alta, uma vez que este era o último grande indicador sobre a economia norte-americana que faltava ser publicado antes da reunião mensal da Reserva Federal (Fed) dos próximos dias 16 e 17 de Setembro.

Com a definição da taxa de juro na agenda, sobre a qual muito se tem especulado nos últimos meses, o encontro da instituição liderada por Janet Yellen é particularmente importante. 

Um comité da Fed definiu neste Verão que uma “taxa normal de desemprego a longo prazo” se situaria entre 5,2% e 5%.

A duas semanas da reunião da autoridade monetária norte-americana, a publicação da taxa de desemprego de Agosto não permite retirar conclusões sobre a manutenção ou aumento da taxa de juro.

As declarações dos próprios responsáveis da instituição têm sido vagas. Se em Jackson Hole o vice-presidente da Reserva Federal, Stanley Fischer, deixou aberta a porta para uma subida da taxa de referência, já nesta sexta-feira, o governador da Fed de Richmond, Jeffrey Lacker, disse que ia ao encontro de Setembro com “a mente aberta”.

Outro indicador relevante foi publicado no final de Agosto. O produto interno bruto do segundo trimestre registou um bom desempenho, ao subir 3,7% em variação homóloga, acima das previsões dos analistas.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem instado a Fed não subir a taxa de juro, com o receio do efeito que tal medida, conjugada com o clima económico na China e com a baixa dos preços das matérias-primas, possa ter na economia global, com destaque para os mercados emergentes. Estes dados ajudam a explicar a ansiedade dos investidores e a reacção negativa à descida da taxa de desemprego.

A Bloomberg refere mesmo que, posto este cenário, a Fed vai ter que decidir se se apoia nos indicadores ou nas perspectivas para definir a subida ou manutenção da taxa de juro, que se mantém em 0,25% desde Dezembro de 2008. Assim sendo, era inevitável que, mais tarde ou mais cedo, com a normalização da economia, esta iniciasse uma trajectória de subida

O economista-chefe da consultora Raymond James, Scott Brown, considera, citado pela Reuters, que o facto de a taxa de desemprego ter caído e os salários terem aumentado “vai certamente fornecer mais munições aos ‘falcões’ para subir a taxa” este mês.

Já Paul Ashworth, economista-chefe da Capital Economics de Toronto, também citado pela Reuters, antevê que “independentemente do encontro deste ano em que a Fed comece a aumentar as taxas, no próximo ano esperamos que a inflação subjacente surpreenda pela positiva, forçando a Fed a apertar a política monetária mais agressivamente do que aquilo que os mercados antecipam actualmente”.

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