Depósitos sobem na Grécia pela primeira vez após saída de 43 mil milhões
Travão à fuga de capitais à boleia das empresas. Depósitos dos particulares ainda estão em queda.
Os depósitos confiados aos bancos na Grécia aumentaram em Agosto pela primeira vez este ano, mas continuam muito aquém dos valores anteriores ao pico da fuga de capitais. O aumento ligeiro que se verificou nos depósitos em Agosto só foi possível porque houve um reforço do lado das empresas. Entre os particulares a tendência de queda mantém-se, mesmo depois da imposição do controlo aos movimentos bancários.
As estatísticas mais recentes do Banco da Grécia, actualizadas na sexta-feira, mostram um aumento mensal dos depósitos do sector privado de mil milhões de euros. É a primeira vez, em 11 meses, que se regista uma subida. O valor conjunto de particulares e empresas passou de 120.833 milhões de euros em Julho para 121.138 milhões em Agosto. O crescimento é de apenas 0,25%, estando longe de representar uma tendência firme de recuperação.
Com a entrada em vigor do controlo aos movimentos de capitais no final de Junho (restrições aos levantamentos nos multibancos a 60 euros por dia, fecho temporário dos bancos, limites às transferências para o estrangeiro), conseguiu ser estancada a trajectória acelerada de fuga de dinheiro do sistema bancário.
O movimento de queda durava desde Outubro do ano passado e intensificou-se de forma vincada a partir de Janeiro, depois das primeiras eleições legislativas que deram origem à coligação entre o Syriza e os Gregos Independentes e que marcaram o início de um longo processo de negociações entre Atenas e os parceiros europeus.
Num ano, sempre com a ameaça de saída do euro a pairar, saíram 43 mil milhões de euros de depósitos das instituições financeiras do país. Entre Agosto de 2014 e Agosto deste ano houve uma queda de 26% (os 121 mil milhões comparam com um nível de depósitos de 164,4 mil milhões um no antes).
Em 2015, a queda mais acentuada aconteceu logo no início do ano, com uma diminuição dos depósitos de 7% (passaram da barreira dos 160 mil milhões em Dezembro para 148 mil milhões no primeiro mês do ano). Nos meses seguintes, a rota de queda continuou sem interrupção, atingindo um novo pico de descida próximo dos 6% em Junho (para 122, 2 mil milhões de euros).
A forte corrida aos levantamentos e a saída de dinheiro do sistema financeiro intensificaram-se enquanto o Governo de Alexis Tsipras e os parceiros da zona euro mantinham o braço-de-ferro que culminaria no colapso das negociações e na convocação do referendo de 5 de Julho.
A partir daí, o controlo de capitais permitiu segurar a saída de capitais. Em Agosto assistiu-se a um aumento mensal de 7,5% no montante dos depósitos das empresas, passando de 17,9 mil milhões para 19,3 mil milhões. Mas a diferença face a Agosto do ano anterior, quando o valor depositado era de 28,2 mil milhões, é de -32%.
No caso dos depósitos dos particulares, a tendência de queda apenas abrandou. Em Agosto, o valor registado nos bancos era de 101,8 mil milhões de euros, menos mil milhões do que um mês antes (uma queda de 1%).
O controlo de capitais ainda está em vigor, mas com menos limitações. Os bancos reabriram a 20 de Julho e o tecto às transferências bancárias para o estrangeiro aumentou entretanto de 3000 euros para 8000, continuando a haver limites aos levantamentos nas caixas multibanco.