Empresários receiam que a CGTP transfira o poder da rua para o Parlamento

Dentro de três a cinco anos, diz Vitor Bento, não haverá bancos portugueses, e os centros de decisão da economia fogem para outros destinos.

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Eduardo Stock da Cunha agradece ainda a Vítor Bento e à sua equipa "pelo trabalho efectuado na estabilização do banco". Enric Vives-Rubio

Os empresários temem o poder de influência da CGTP junto do Governo, no diz respeito à concertação social. O presidente da CIP, António Saraiva, acha que há “já sinais” no sentido de  “esvaziar a concertação social”. O exemplo que apontou foi a antecipação do anúncio do aumento do salário mínimo para 530 euros em 2016. Mas há mais temores: o conselheiro de Estado, Vítor Bento prevê uma mudança radical na transferência dos centros de decisão em relação à banca: “Nos próximos três a cinco anos, nenhum dos bancos portugueses é nacional”.

Empresários e economistas estão reunidos em Vilamoura, no Algarve, a discutir o futuro do país, numa perspectiva de abertura aos mercados, mas com muitas cautelas em relação à “reversibilidade das reformas”. O fórum, promovido pelo grupo de líderes internacionais – LIDE, vai ter na noite deste sábado, ao jantar, o recém-empossado ministro das Finanças, Mário Centeno. Mas, durante os trabalhos da manhã, já foram endereçados alguns recados aos novos governantes: “A banca está bloqueada, o dinheiro não chega à economia”, avisou, o ex-ministro socialista Murteira Nabo. Por seu lado, à margem do encontro, António Saraiva disse que seria “desastroso” para o país, caso Vítor Bento, que foi o último dirigente do Banco Espírito Santo e o primeiro do Novo Banco, venha a acertar nas previsões em relação ao cenário que traçou para a banca portuguesa.

Em declarações aos jornalistas, António Saraiva lembrou que a CGTP é um dos sete parceiros na concertação social e que, apesar das várias tentativas para aumentar o salário mínimo, a central sindical nunca conseguiu obter os seus objectivos. No entanto, agora, observou, a “CGTP estará interessada em esvaziar a concertação social, reforçando no Parlamento aquilo que na concertação social não tem conseguido”, teme.

Opinião diferente manifestou Murteiro Nabo, defendendo um papel mais interventivo do Estado na economia: “Os mercados só por si não geram equilíbrios, pelo contrário, desequilibram ”.  Vítor Bento, descrente com o poder politico, acha que se andou a “vender promessas a crédito” e isso levou o país a uma situação com futuro hipotecado.

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