Deco estuda réplica do leilão de electricidade em "sectores públicos essenciais"

Telecomunicações e outros serviços estão na lista. Decisão deve avançar após o Verão. Leilão fechou com 587 mil adesões.

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Reuters

Depois do leilão de electricidade, a associação de defesa dos consumidores Deco pode replicar, no futuro, a iniciativa na área das telecomunicações e, a maior distância, no gás natural.

Rita Rodrigues, responsável por este projecto, confirma que a organização está a estudar próximas iniciativas sem adiantar sectores, mas afirma que "os serviços públicos essenciais são uma preocupação da Deco", sublinhando ser esse o caso das telecomunicações. No entanto, "o trabalho em curso é tão preparatório que não significa nada, para já", sublinhou a mesma responsável.

Quanto ao gás natural, os estudos iniciais que concluíram pelo leilão de electricidade também equacionaram um para a oferta conjunta de gás e electricidade, mas esta ficou de fora. "Percebemos que a evolução da electricidade não é a mesma que a do gás natural. Vamos fazer uma nova avaliação agora para o gás e ver se o sector do gás já tem maturidade [para um leilão também]." A única certeza é que, a fazer um novo leilão, será num sector já liberalizado, razão pela qual, por exemplo, o fornecimento de água fica desde logo de fora.

A campanha Pague Menos Luz terminou à meia-noite de terça-feira, registando 587 mil adesões. O leilão para a escolha do fornecedor com os preços mais baixos realiza-se na quinta-feira. Depois da surpresa com o elevado número de adesões logo nos primeiros dias, em Fevereiro, Rita Rodrigues afirma que o número atingido "é um voto de confiança e de reconhecimento".

A avaliação de outros sectores decorrerá nos próximos meses e, caso a associação avance, a decisão será anunciada apenas depois do Verão, segundo as suas previsões. Inspirada nos exemplos de outros países e onde o objectivo era o mesmo – "estimular o mercado em sectores liberalizados mas com falta de concorrência" –, a Deco diz-se mais próxima das entidades que intervêm uma única vez num sector. "Somos uma associação de defesa dos consumidores, não uma empresa de leilões", responde a mesma responsável, que diz acreditar que o mercado reagirá depois por si.

Leilões semelhantes foram já realizados na Alemanha, Inglaterra, Bélgica e Holanda, país de onde vem a PrizeWize, empresa contratada pela Deco para a apoiar na infra-estrutura tecnológica e know-how e com experiência neste tipo de iniciativas em outros países.

Com leilão aberto para a tarifa simples e para a bi-horária, a Deco diz ter fortes indícios de que a proposta vencedora abrangerá as duas tarifas. Aos consumidores dá a certeza de que quem assinar os novos contratos "não terá cláusulas lesivas dos seus interesses" e que "a grande surpresa será o preço".

O acordo de confidencialidade firmado entre as várias partes não permite à Deco confirmar se todos os operadores aceitaram entrar na corrida, nem abrir a sessão à comunicação social. Depois de ter "sido feito tudo o que estava ao alcance da associação e com a garantia de que o leilão será o que vai ser a reacção do mercado, a Deco diz-se "descansada, mas não esconde o desejo de conseguir a melhor oferta [de preço]".

Face ao elevado número de ofertas de adesão, o leilão poderá não conseguir realizar-se totalmente amanhã e ter de se estender pela manhã de sexta-feira, dia-limite para ser conhecido o operador vencedor do leilão e o preço. Nos 15 dias seguintes, os consumidores serão informados do preço e das exactas poupanças potenciais que o novo contrato lhes dará, podendo ou não aceitá-los.
 

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