Afluência aos CTT para subscrever certificados de aforro aumentou 300%

CTT não vão prolongar horário de atendimento, mas atenderão todos os clientes que se encontrem dentro das agências.

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Certificados do Estado vão ter novas regras, com menor remuneração. Pedro Cunha

Esta sexta-feira é o último dia para subscrever Certificados de Aforro (CA) ou Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) antes da eentrada em vigor de novas regras, que vão baixar a remuneração, mas esse processo pode demorar várias horas, dada a elevada afluência aos balcões dos CTT, que ultrapassa os 300% face ao habitual.

A empresa não avança dados sobre o montante que está a ser subscrito, remetendo essa informação para o IGCP, a agência que gere a dívida pública portuguesa, mas confirma uma afluência muito superior ao habitual. Em declarações ao PÚBLICO, António Pedro Silva, director da rede de lojas dos CTT, adianta que nos últimos dias a afluência superou os 200%, mas, nesta sexta-feira, esse acréscimo supera os 300%. 

Ao contrário dos últimos dois dias, em que o horário normal de atendimento dos balcões foi prolongado em mais duas horas, os CTT não vão alargar o horário esta sexta-feira, mas António Silva garante que atenderão todas as pessoas que se encontrem dentro dos balcões.

Mesmo com "o plano de contingência em acção", que, além do horário de atendimento já realizado, implica também reforço de trabalhadores no serviço de produtos financeiros, o processo de atendimento aos clientes está a ser muito dificultado por alguma sobrecarga dos sistemas informáticos, obrigando a transferências de pedidos de subscrição para balcões menos sobrecarregados.

A atrasar o processo de subscrição dos produtos do Estado estão as aberturas de contas por clientes que estão a subscrever o produto pela primeira vez, o que pbriga a inserir e conferir uma série de documentos.

Outro atraso no atendimento dos clientes está a ser gerado, apurou o PÚBLICO, pela transferência de aplicações já feitas em CA para CTPM, que oferecem uma taxa de juro mais elevada, mas obrigam a mais tempo de permanência, sem capacidade de mobilização.

O PÚBLICO passou por uma das maiores agências dos CTT no Porto, na Avenida dos Aliados, e a lista de espera ascendia a uma centena de pessoas. Desde as 8h30 e até às 10h30, tinham sido atendidas 26 pessoas e a lista de espera era de 126 clientes. O quadro de atendimento dos produtos financeiros, habitualmente com duas pessoas, tinha sido duplicado, mas ainda assim o tempo de espera neste balcão deveria ascender, no mínimo, a três horas.

Os CA e os CTPM têm taxas de juro interessantes, sem paralelo nos produtos bancários, mas ainda assim é necessário fazer contas para ver se compensa levantar certificados já subscritos ou outros depósitos bancários.

Paralelemente, é preciso ter atenção os períodos de imobilização do capital, que é de três meses nos CA e um ano nos CTPM. Também não é conveniente os aforradores terem todas as suas poupanças num só tipo de produto.

E, ainda que em menor escala face a outros produtos, os títulos do Estado também podem apresentar risco, nomeadamente num cenário de reestruturação da dívida pública, que neste momento não se coloca, mas que pode acontecer no futuro.

Esta sexta-feira, o IGCP deve anunciar as novas taxas de remuneração dos produtos do Estado, que serão válidas apenas para as subscrições a fazer a partir da próxima segunda-feira, 2 de Fevereiro. O Ministério das Finanças tem passado a mensagem de que as actuais condições não se alteram para as subscrições realizadas até ao final desta sexta-feira.

Nos CA, a taxa bruta actual está fixada em 3,069%. A taxa dos CA é composta por um prémio fixo de 2,75%, a manter-se em vigor até 31 de Dezembro de 2016, de acordo com o que estava estipulado na última revisão, a que acrescia o valor médio da Euribor a três meses, observada nos últimos 10 dias anteriores à fixação da taxa.

Nos CTPM, as taxas brutas fixadas até esta sexta-feira vão evoluindo de 2,75%, no primeiro ano, para 5% no quarto e quinto anos de vigência da aplicação - o que resulta numa taxa média líquida de cerca de 3%. A permanência até ao 5º ano pode garantir ainda um prémio suplementar em função da evolução do Produto Interno Bruto (PIB).

As taxas dos depósitos a prazo têm vido a descer e este movimento deverá continuar. De acordo com uma análise recente da Deco Proteste, um depósito de 5000 euros, a 12 meses, rende em média uma taxa de 0,7% líquida.

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