Crise do GES pode limitar valor das ofertas apresentadas pela EGF

Condições exigidas pelos bancos internacionais aos potenciais compradores da empresa pública de gestão de resíduos tornam mais caro o acesso ao crédito.

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Privatização da sub-holding do grupo AdP para o tratamento de resíduos é vista “com bons olhos” pelo novo líder da AEPSA Rui Gaudêncio

A crise desencadeada no final de Junho pela situação das empresas do Grupo Espírito Santo (GES) está a condicionar a capacidade de alguns candidatos à privatização da EGF garantirem os financiamentos necessários para assegurar a operação. O PÚBLICO sabe que alguns candidatos têm enfrentado dificuldades na negociação dos financiamentos e falam mesmo num “estrangulamento” provocado pelo tumulto do GES.

É uma situação que “assusta os bancos internacionais” e “reduz o valor da EGF” porque as condições de financiamento acabam por ser mais penalizadoras para as empresas, explicou ao PÚBLICO o responsável de uma das candidaturas.

Em causa está não só o valor da EGF, mas também a dívida de cerca de 220 milhões de euros da empresa (da qual mais de metade corresponde a um crédito do BEI - Banco Europeu de Investimento, com garantia estatal), que terá de ser refinanciada pelo comprador.

Este financiamento do BEI é considerado por alguns candidatos “como o maior constrangimento” no processo de privatização, disse outra fonte, admitindo que as propostas pelo capital da empresa que recolhe e trata o lixo da maioria dos portugueses poderão reflectir essa dificuldade.

Se alguns candidatos podem apresentar uma proposta com financiamento assegurado, poderá dar-se o caso de outros apenas conseguirem “uma carta dos bancos a assegurar a sua capacidade financeira”, mas sem crédito fechado. Pode acontecer que o Governo receba propostas com financiamento garantido mais baixas, e outras menos sólidas, mas mais altas. “Qual delas irá escolher?”, questionou um dos responsáveis.

O PÚBLICO sabe que algumas das empresas interessadas na EGF vêem com bons olhos a extensão do prazo para entrega de propostas vinculativas, que termina no dia 31 de Julho. Pelo menos duas concorrentes, os agrupamentos Portugal Ambiental (composto pelas brasileiras Odebrecht e Solví) e EGEO/Antin, solicitaram o adiamento à Parpública (holding que controla as participações sociais do Estado).

Apesar deste interesse em fazer resvalar a entrega das propostas firmes para Setembro, o ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, já afirmou que mantém o objectivo de cumprir o calendário e receber as ofertas finais em Julho.

Das sete propostas iniciais, o fundo chinês Beijing Capital terá sido o único a perder o interesse na EGF. Além dos dois  agrupamentos referidos, mantêm-se no processo a Suma (Mota-Engil), a DST, a belga Indaver e a espanhola FCC.
 

  



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