Crescimento da economia portuguesa este ano poderá chegar a 1,3%

Olli Rehn referiu que poderá haver uma revisão em alta das previsões para 2014, que apontavam para um crescimento de 0,8%.

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Comissão europeu pelos Assuntos Económicos referiu que revisão poderá ser de 0,25 a 0,5 pontos percentuais Laurent Dubrule/Reuters

A Comissão Europeia considera que a economia portuguesa poderá crescer este ano até 1,3% em vez dos 0,8% esperados, embora o valor final só deva ser confirmado no decurso da actual avaliação da execução do programa de ajustamento económico e financeiro.

Nas suas previsões do Inverno publicadas nesta terça-feira em Estrasburgo, Bruxelas baseou os dados para Portugal em estimativas provenientes dos dados da décima avaliação do programa que foi concluída em Dezembro. Desta forma, as previsões mantêm os valores para o crescimento então avançados, de 0,8% para este ano e de 1,5% em 2015.

Olli Rehn, comissário europeu responsável pelos assuntos económicos e financeiros, afirmou, no entanto, que dado o crescimento económico registado no quarto trimestre do ano passado ter sido "muito superior" ao previsto, os efeitos desta evolução deverão levar a uma revisão em alta das previsões para 2013 e 2014. Esta revisão poderá atingir entre 0,25 e 0,5 pontos percentuais, precisou o comissário. A ser assim, a economia portuguesa poderá crescer este ano até 1,3%.

Bruxelas confirma em todo o caso que o país teve um crescimento positivo nos últimos três trimestres de 2013 graças ao "sólido" crescimento do consumo privado e do investimento que mais do que compensou a quebra das exportações.

Por enquanto, as previsões apontam para um crescimento negativo do emprego (-0,4%) a que se seguirá uma evolução positiva de 0,4% em 2015, o que, segundo a Comissão, não será suficiente para baixar a taxa de desemprego, que será então de 16,5%, menos três décimas do que o previsto para este ano.

Bruxelas avisa, por outro lado, que a retoma em Portugal permanece muito dependente dos desenvolvimentos no resto da zona euro e, sobretudo, nos principais parceiros comerciais. A este respeito, as previsões para a Alemanha apontam para um crescimento de 1,8% este ano e de 2% no próximo. Para Espanha, os prognósticos são de 1% e 1,7% nos dois anos. O Reino Unido, que não é membro do euro, terá por seu lado um crescimento de 2,5% e de 2,4% este ano e no próximo.

Os riscos que pesam sobre as previsões para Portugal são sobretudo negativos e têm a ver com o elevado nível do endividamento privado, que, segundo a Comissão, poderá afectar negativamente o consumo e o investimento. Outro factor de risco apontado por Bruxelas poderá resultar de um eventual impacto negativo nos mercados financeiros de possíveis  "incertezas" na aplicação das medidas de consolidação orçamental por parte dos responsáveis nacionais. 

Bruxelas sublinha igualmente que as previsões para o défice orçamental também poderão estar em risco devido à contestação de algumas medidas "chave" do Orçamento de Estado para este ano no Tribunal Constitucional. A execução orçamental enfrenta ainda outros riscos ligados ao "ambicioso pacote de reformas" do Estado, prevista para este ano e para o próximo.

Para a zona euro, e depois de dois anos seguidos de recessão económica (-0,7% e -0,4%) Bruxelas avança uma previsão de crescimento de 1,2% para este ano e de 1,8% em 2015, uma décima acima do que o esperado em Novembro passado.

Entre os 18 países da zona euro, só Chipre e a Eslovénia estarão este ano ainda em recessão económica com previsões de -4,8% e de -0,1% respectivamente. O maior crescimento económico é, em contrapartida, esperado na Estónia e na Eslováquia, ambos com 2,3%.

Segundo a Comissão, os principais riscos que pesam sobre a melhoria das suas previsões para a zona euro poderão resultar de "uma nova perda de confiança" que poderá resultar de uma eventual "estagnação das reformas ao nível nacional e europeu", o que "aumentaria as probabilidades de um crescimento fraco durante um longo período de tempo na Europa e teria consequências negativas sobre a actividade económica".

Em contrapartida, Bruxelas afasta o risco de deflação que pesa sobre a zona euro. Segundo afirma,  mesmo se "uma inflação excessivamente baixa durante um período de tempo prolongado na zona euro comportaria riscos para o reequilíbrio da economia (...), com o reforço progressivo da retoma e a recuperação da confiança, só existe uma probabilidade marginal de choques suficientemente importantes para invalidar as previsões para a inflação e fazer a UE entrar em deflação". 

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