Crédito ao consumo nos CTT será uma realidade até ao Verão

Correios querem continuar a consolidar presença como operador de referência nos serviços financeiros, que já representam 8% das receitas e renderam 60,9 milhões de euros em 2013.

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Francisco Lacerda assumiu a presidência dos CTT em 2012 Enric Vives-Rubio

A intermediação de produtos de crédito ao consumo e de cartões de crédito aos balcões dos correios já tem data prevista para o Verão, confirmou a empresa esta quarta-feira. “Os CTT estão em processo de escolha” de um parceiro para a venda destes produtos, adiantou Francisco Lacerda na conferência de imprensa de apresentação de resultados de 2013, sem querer adiantar mais pormenores sobre o tema.

O que ficou claro é que a empresa conta ter novidades até ao Verão e que vê nos serviços financeiros, que já representam 8% do volume de negócios total (60,9 milhões de euros em 2013), um dos motores para “cumprir a promessa” e entregar resultados aos accionistas.

Os CTT vão propor em assembleia geral o pagamento de um dividendo de 40 cêntimos por acção, cerca de 60 milhões de euros (90% do lucro), e Francisco Lacerda garantiu que esta é a linha que a empresa continuará a seguir.

Se o ano de 2013 foi “muito especial” pela privatização, então 2014 é o ano de estar à altura das “expectativas que se criaram”, explicou o gestor. No negócio do correio tradicional, o foco passa “por rever [subir] tarifário” para mitigar a queda de volumes e receitas. Mas é no crescimento do negócio de correio expresso e encomendas e nos serviços financeiros que a empresa aposta as suas fichas para conseguir crescimento.

Em 2013, as receitas dos serviços financeiros aumentaram 5,5%, impulsionadas pelo aumento da colocação dos produtos de poupança, especialmente significativa no terceiro trimestre do ano, mas também pelo aumento de comissões resultante da renegociação das condições dos contratos com a Fidelidade, com que os CTT têm um acordo de exclusividade para a venda de seguros de capitalização, e com o IGCP, para a colocação de títulos de dívida pública.

Além da entrada no mercado dos produtos de crédito, este será também o ano da decisão sobre o Banco Postal, que ainda não tem data prevista. Lacerda garantiu que o tema só voltará a ser analisado quando entrar em funções o novo conselho de administração alargado a 11 elementos (depois da assembleia geral de 5 de Maio).

Em 2014, os Correios vão continuar a reorganizar as suas redes de distribuição para ganhar terreno no mercado de correio expresso, que representa 18% das receitas do grupo e atingiu 129,5 milhões de euros (mais 1,2%) no ano passado. As receitas deste serviço, que depende muito da evolução do ciclo económico e do crescimento das vendas online, inverteram a tendência de queda dos últimos anos pela primeira vez no quarto trimestre de 2013 e os CTT querem “captar a tendência de crescimento” em Portugal e em Espanha, onde estão a reestruturar a rede de 180 franchisados.

Em Espanha, os franchisados garantem 65% das vendas e o restante são vendas próprias dos CTT. O objectivo passa por “aumentar a qualidade dos franchisados, procurando aqueles que têm maior dimensão e que permitam chegar a clientes de maior volume”, disse o administrador executivo Manuel Castelo-Branco.

O resultado líquido dos correios cresceu 70% para 61 milhões de euros em 2013, e o EBITDA cresceu 10,8% para 122,9 milhões de euros. Num ano que ficou marcado por “muitas iniciativas e muita política activa” para conseguir ganhos de rentabilidade, a margem de EBIDTA melhorou dois pontos percentuais, para 13,6%, o que “coloca a empresa no top 3 do sector, a nível europeu” neste indicador, sublinhou o administrador financeiro do grupo, André Gorjão Costa.

 

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