EMEF e CP Carga passam de prejuízos a lucro em vésperas de privatização

Transferência de terminais para a Refer, aumento das receitas e controlo de custos permitiram inversão de resultados em 2014.

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EMEF faz a manutenção dos comboios da CP Nelson Garrido

Em vésperas de privatização, a CP Carga e a EMEF passaram de prejuízos a lucros. O relatório e contas da CP, grupo que integram, mostra que chegaram ao final de 2014 com um resultado líquido positivo de 5,3 milhões e de 909 mil euros, respectivamente.

De acordo com o documento, divulgado nesta sexta-feira, a forte recuperação da CP Carga, que um ano antes tinha registado prejuízos de 23 milhões de euros, ficou a dever-se a um factor extraordinário, que não se irá repetir: as receitas obtidas com a transferência dos terminais ferroviários para a Refer, exigida pela Comissão Europeia e concretizada a 1 de Dezembro do ano passado.

Já no caso da EMEF, a CP explica que a empresa, que em 2013 tinha acumulado perdas de 3,4 milhões de euros, registou “um incremento nos serviços prestados na ordem dos 8%, a par de uma redução ao nível dos gastos operacionais” que contribuiu para “um desempenho muito positivo no ano passado”.

O caderno de encargos da privatização da CP Carga e da EMEF, que o Governo quer concluir até ao final da legislatura, foi publicado nesta sexta-feira em Diário da República, depois de ter sido aprovado na véspera em Conselho de Ministros. Os diplomas prevêem a alienação até 100% do capital das duas subsidiárias da CP, obrigando os investidores a manterem as acções durante pelo menos três anos.

Tendo em conta os resultados destas empresas nos últimos anos, bem como a dívida que acumulam, o executivo não espera realizar um encaixe significativo com a sua venda. Neste momento, falta apenas lançar a última privatização prevista no programa acordado com a troika: a da Carristur.

As contas da CP Carga e da EMEF contribuíram positivamente para os resultados globais da empresa-mãe, que, apesar de se manterem negativos, melhoraram face a 2013. Os prejuízos da CP cifraram-se em 159,9 milhões de euros no ano passado, o que significou uma melhoria de quase 70 milhões face ao período homólogo.

O grupo explica, no documento, que esta redução das perdas se ficou a dever aos “desvios positivos no resultado operacional”, que foi positivo em 36,7 milhões de euros, e a uma melhoria dos resultados financeiros e das perdas potenciais dos swaps de cobertura das taxas de juro.

Neste campo, a CP destaca o cancelamento antecipado de um produto derivado que tinha sido subscrito junto do BESI/Novo Banco. Para tal, pagou 49,7 milhões de euros (com um desconto de 3,8 milhões). Em simultâneo, atingiu a maturidade um swap que tinha sido contratado ao Citigroup, mantendo-se, por isso, activo um único derivado (do ABN/RBS), que apresentava um risco de prejuízo de apenas 3,7 milhões no final do ano passado.

No relatório e contas, o grupo destaca ainda o acréscimo de 3% no número de passageiros transportados, para um total de 109,8 milhões de euros. Foi no longo curso que se registou a maior subida, com uma evolução positiva de 12,1%.

Já o passivo continuou a aumentar, alcançando 4376 milhões de euros, após uma subida de 111 milhões. Mas o ano de 2014 marcou uma viragem importante para a CP, já que, com a integração no perímetro das contas públicas, passou a financiar-se junto do Estado, o que reduziu significativamente os gastos financeiros.

O grupo lembra que contratou em Outubro um empréstimo de 2283 milhões junto do Tesouro, que lhe permitiu “converter a dívida de curto prazo [em médio e longo prazo], efectuar o pagamento da operação de swap detida junto do BESI/Novo Banco e efectuar o pagamento da dívida histórica à Refer”.

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