Cortes nas pensões de sobrevivência só avançam porque visados “não podem fugir"

Miguel Beleza, economista e ex-ministro das Finanças, está contra os cortes anunciados pelo Governo.

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Miguel Beleza diz que transferências para os Açores e Madeira "não são justas" Rui Gaudêncio

Miguel Beleza, economista e ex-ministro das Finanças, não concorda com os cortes nas pensões de sobrevivência, anunciados esta semana pelo Governo e diz que uma medida destas só avança porque os beneficiários não podem escapar.

“Não acho bem os cortes nas pensões de sobrevivência. Esses não podem fugir e é por isso que se taxam”, disse nesta terça-feira, à margem do congresso da Ordem dos Economistas, que decorre entre hoje e amanhã em Lisboa.

As reduções incidem sobre as pensões de sobrevivência pagas pelo regime geral da Segurança Social e pela Caixa Geral de Aposentações e têm como objectivo poupar 100 milhões de euros na despesa do Estado, um valor que representa 3,5% do valor total das pensões de sobrevivência.

Questionado sobre as medidas fundamentais a incluir no Orçamento do Estado para 2014, Miguel Beleza defendeu que é “indispensável continuar a redução do défice”. “Temos professores a mais, muitos mais juízes do que é preciso. Temos transferências para os Açores e para a Madeira que não são justas porque o nível de vida médio lá é maior do que em muitos sítios no Continente e nós é que pagamos”, criticou.

O economista é favorável a uma taxa de IVA igual para todos, dizendo que “é preferível subsidiar directamente os que mais precisam”.

Reagindo às declarações de Pedro Passos Coelho, que alertou para um  novo "choque de expectativas" provocado pelas medidas de austeridade previstas para 2014, Miguel Beleza disse que “as pessoas têm expectativas racionais”. “Posso enganar algumas pessoas o tempo todo, mas nunca será possível enganar sempre toda a gente”, disse, citando a célebre frase de Abraham Lincoln.

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