Corrida aos depósitos força UE a abrir linha de crédito à Bulgária

Depois de Chipre, mais um país da UE é palco de filas às portas dos bancos. Mas autoridades búlgaras garantem que o sistema financeiro é saudável.

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Filas acumularam-se na sexta-feira à porta das agências do First Investment Bank na Bugária AFP PHOTO / NIKOLAY DOYCHINOV

Pânico injustificado provocado intencionalmente por um pequeno grupo de pessoas ou sinal de debilidades graves no sistema financeiro do país? A dúvida colocou-se nesta segunda-feira, na Bulgária, que viu a União Europeia conceder-lhe um empréstimo de emergência de 1680 milhões de euros para travar o clima de instabilidade lançado pela corrida aos depósitos que se registou, no espaço de apenas uma semana, em dois dos principais bancos do país.

Tudo começou na semana passada com o Corporate Commercial Bank, conhecido como Corpbank. Depois de uma série de notícias que colocavam em causa a fiabilidade do banco, os seus clientes começaram a retirar dinheiro dos depósitos. O fenómeno intensificou-se de tal forma que o banco central se viu forçado a suspender o funcionamento da instituição financeira.

Na passada sexta-feira, foi a vez do First Investment Bank. Começaram a circular mensagens de telemóvel a aconselhar os clientes do banco a retirar o seu dinheiro e estes, já assustados com o que tinha acontecido no Corpbank, iniciaram mais uma corrida aos depósitos, formando filas extensas à porta da instituição financeira. Antes de o banco fechar as suas portas, foram levantados cerca de 800 milhões de lev (um valor ligeiramente acima de 400 milhões de euros).

Para tentar estabilizar a situação, a Comissão Europeia aprovou nesta segunda-feira o pedido feito pelas autoridades búlgaras para uma linha de crédito de 1680 milhões de euros. Bruxelas garante em comunicado que o dinheiro é entregue apenas “razões de precaução”, defendendo que o sistema financeiro búlgaro está “bem capitalizado e tem elevados níveis de liquidez quando comparado com os seus pares de outros países da União Europeia”.

Para já, apesar de as imagens de filas intermináveis às portas dos bancos poderem ter um impacto imprevisível na confiança das pessoas no sistema bancário, a maior parte dos analistas internacionais continua a defender que o sector financeiro na Bulgária é bastante sólido, não existindo razões para que os problemas se agravem e espalhem por mais bancos. Em particular, dá-se destaque ao facto de os bancos com problemas representarem 18,5% do mercado do país, sendo que 68,7% é dominado por bancos estrangeiros, em relação aos quais não há para já qualquer problema detectado.

As agências de rating internacionais não realizaram qualquer alteração às classificações atribuídas ao país e defendem que tem reservas suficientes para fazer face a uma eventual pressão que seja feita sobre a divisa búlgara, que até agora mantém um valor relativamente estável.

A intervenção europeia parece também estar a ser recebida positivamente pelos mercados. Depois de, na semana passada, as acções do sector bancário terem registado quedas fortes,n esta segunda-feira voltaram a subir, valorizando-se mais de 4% nas horas a seguir ao anúncio do apoio financeiro europeu.

O banco central búlgaro defende que o que provocou os problemas não foram mais do que “rumores mal intencionados”, defendendo que os problemas do Corpbank eram caso único. O presidente do país, Rossen Plevneliev, faz uma leitura política e garante que “não há uma crise bancária”. “O que há é uma crise de confiança e um ataque criminoso”, disse. Os próximos dias comprovarão se isto é verdade.

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