Consumo acentua o seu papel de motor da economia portuguesa

PIB cresceu 1,1% no terceiro trimestre face ao mesmo período do ano passado. Investimento desacelerou e o contributo da procura externa líquida continua a ser negativo.

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Foi graças à aceleração do consumo e apesar de um abrandamento do investimento e da deterioração do saldo com o exterior que a economia portuguesa conseguiu, no terceiro trimestre deste ano crescer 1,1% face ao mesmo período de 2013.

Depois de há duas semanas ter apresentado a sua estimativa rápida para a evolução do PIB durante o terceiro trimestre de 2014 (com uma variação homóloga de 1%), o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou esta sexta-feira informações mais aprofundadas e precisas sobre a forma como está a evoluir a economia portuguesa.

Para além de rever ligeiramente em alta a variação do PIB, de 1% para 1,1%, deu indicações sobre o desempenho das diversas componentes do produto. Isto é, explicou como é que a economia conseguiu crescer.

E a resposta, tal como tinha acontecido já nos trimestres anteriores, foi: graças à procura interna e, em particular, ao consumo.

De acordo com os dados agora publicados pelo INE, para o crescimento de 1,1% na economia registou-se um contributo positivo da procura interna de 1,9 pontos percentuais, que foi contrabalançado por um contributo negativo da procura externa líquida (exportações menos importações) de 0,9 pontos percentuais. A diferença de um ponto percentual explica-se pela existência de arredondamentos nestes valores.

Este resultado acentua a tendência já verificada em trimestres anteriores. Desde que a economia voltou a crescer, fê-lo através de uma recuperação do consumo e do investimento que tinham caído a pique no auge da crise. Ao mesmo tempo, as importações voltaram a crescer, superando a variação das exportações que abrandaram devido à deterioração da conjuntura externa.

Este padrão de crescimento, que foi a prática durante os anos anteriores à crise, foi considerado pela troika e pelo Governo como insustentável, sendo a sua alteração para um modelo mais baseado na procura externa líquida uma das tarefas do programa aplicado a Portugal.

A situação torna-se ainda mais preocupante se a explicar a aceleração da procura interna está mais o consumo e menos o investimento. De acordo com os números do INE foi mesmo isso que aconteceu no terceiro trimestre.

O consumo privado registou uma variação face ao mesmo período do ano passado de 2%, o ritmo mais forte desde 2010 e uma aceleração face aos 1,3% do segundo trimestre. Pelo contrário, o investimento cresceu 1,5%, um abrandamento acentuado face aos 3,7% do segundo trimestre. O INE explica que “esta desaceleração [do investimento] foi determinada pela evolução da variação de existências”.

Dentro do consumo, destaque para o crescimento de 16,4% da compra de bens duradouros, onde estão incluídos os veículos automóveis e os electrodomésticos. Os bens não duradouros, como os alimentos, cresceram 1,7%, uma aceleração face ao 1% do trimestre anterior.

Em relação ao comércio de bens e serviços com o exterior, o terceiro trimestre até foi de aceleração das exportações, que passaram de uma variação homóloga de 2% para 2,9%. O problema é que, ao mesmo tempo, o ritmo de crescimento das importações passou de 4% para 5%. Isto acontece em larga medida por causa da recuperação do consumo, em particular, de produtos como os automóveis que são na maior parte dos casos importados.

Face ao trimestre imediatamente anterior, a economia cresceu 0,3%, o mesmo valor que já se tinha registado no segundo trimestre do ano.

Para o total de 2014, o Governo continua a apresentar uma previsão de crescimento de 1%, um valor que é ligeiramente mais alto do que as projecções efectuadas por outras entidades como o Banco de Portugal, o FMI e a Comissão Europeia.

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