Congresso dos EUA vota subida do limite da dívida pública

Bancada republicana não vai repetir o braço-de-ferro com a Casa Branca que levou à paralisação do Governo federal em 2013.

Foto
Speaker do Congresso será um dos votos republicanos a favor do aumento do limite da dívida WIN MCNAMEE/AFP

O Congresso norte-americano prepara-se para votar uma proposta de lei para a expansão da capacidade de endividamento dos Estados Unidos sem exigir contrapartidas à Casa Branca, anunciou o speaker John Boehner, pondo de parte uma reedição do braço-de-ferro que levou à paralisação parcial do funcionamento do Governo federal em Outubro do ano passado.

Segundo as projecções do departamento do Tesouro, os Estados Unidos deverão atingir o limite máximo da dívida pública, fixado nos 17,3 milhões de milhões de dólares, no próximo dia 27 de Fevereiro. A proposta que pode ser votada já nesta terça-feira à noite prevê a extensão por um ano do tecto para a dívida pública dos Estados Unidos, permitindo ao Governo norte-americano suportar os seus compromissos financeiros até Março de 2015.

Sem a revisão da capacidade de endividamento, o Governo norte-americano, que no ano passado registou um défice de 680 mil milhões de dólares, ficaria impedido de financiar a dívida, pagar os juros e proceder a pagamentos. Os mercados reagiram positivamente ao anúncio da votação.

É uma derrota [política] e uma oportunidade perdida”, reconheceu Boenher, que garantiu que apesar do “descontentamento” da fileira conservadora – maioritária na Câmara de Representantes – com o actual nível do endividamento, os votos necessários para aprovar lei serão assegurados. “O meu será um deles”, anunciou. Com o apoio dos 200 congressistas democratas, o speaker só precisa de encontrar 18 votos na renitente bancada republicana.

Os republicanos viram-se forçados a abandonar o seu plano inicial, que passava por condicionar a mexida no tecto da dívida à aprovação de outras medidas, entre as quais o fim dos cortes no fundo de pensões do Pentágono previsto no orçamento, a reversão de algumas provisões da reforma do funcionamento do sistema de saúde (conhecida como Obamacare) ou o licenciamento do controverso projecto do oleoduto Keystone.

No entanto, os membros do partido dividiram-se quanto às hipóteses de sucesso dessa estratégia, que poderia conduzir a um novo impasse político em Washington, a poucos meses das eleições intercalares para o Congresso. Como no ano passado, a Casa Branca avisou que não estava disponível para negociar com o Congresso nem aceitaria nenhuma “concessão” em termos de redução da despesa pública, para que os congressistas “fizessem o seu trabalho” e pagassem as facturas que tinham aprovado.

O director do conselho económico da Casa Branca, Gene Sperling, congratulou-se com a votação, sublinhando que “as tácticas [republicanas] de ameaça de default ou ameaça do crédito e bom nome dos Estados Unidos nas discussões orçamentais não resultam nem devem voltar a acontecer. Isso sim, permitiria aumentar a confiança e o investimento nos Estados Unidos”, considerou.

Segundo uma sondagem da CNN/ORC International, uma maioria de 54% de eleitores responsabilizaria a maioria republicana por um falhanço em negociar o aumento do limite da dívida, contra 29% que atribuiriam a culpa ao Presidente Barack Obama.

Sugerir correcção
Comentar