Moçambicanos da Nadhari ofereceram cinco milhões pela Opway

Almerindo Marques ficou em segundo lugar num leilão que está a ser contestado pela Prebuild.

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Almerindo Marques, um dos interessados na compra da construtora. Riu Gaudêncio

O leilão para a venda da construtora Opway, controlada pela Espírito Santo Internacional (ESI), terminou com a vitória da construtora moçambicana Nadhari, que avançou com uma oferta de cinco milhões de euros, cerca de quatro vezes mais que as duas outras propostas a concurso.

O processo poderá não estar encerrado, uma vez que um dos dois concorrentes vencidos, a Prebuild, admite apresentar queixa ao tribunal do Luxemburgo, onde decorre a liquidação da ESI, contestando a transparência do leilão.

A segunda melhor licitação foi feita por um grupo de quadros da empresa, liderados por Almerindo Marques, ex-presidente da construtora, que avançou com o valor de 1,25 milhões de euros, o que lhe garantiu o segundo lugar.

A Prebuilt surge em terceiro lugar, com uma oferta de 1,2 milhões de euros, uma classificação que a empresa contesta, alegando que a sua última oferta tinha sido de 1,3 milhões de euros.

Em declarações ao PÚBLICO, fonte da Prebuilt garantiu que a empresa foi impedida de registar a última oferta, facto que exigiu que constasse da acta, o que não veio a acontecer, levando a empresa a abandonar o leilão sem assinar o documento. Na sequência deste e de outros procedimentos que contesta, a fonte da Prebuil avança que está a ser equacionada a apresentação de uma queixa junto do tribunal do Luxemburgo, última instância a validar a venda.

Para a Prebuild, tudo foi montado para garantir a vitória do Management Buy Out (MBO) liderado por Almerindo Marques, uma vez que a empresa moçambicana Nadhari não deverá ter capacidade financeira para assegurar a compra pelos cinco milhões de euros.

A prova da capacidade financeira terá de ser feita até ao próximo dia 9 de Fevereiro. Se ela falhar, como é convicção da Prebuild, a venda será feita à proposta classificada em segundo lugar, no caso o MBO.

Contactado pelo PÚBLICO, Almerindo Marques não quis comentar as acusações da Prebuild, alegando, no entanto, que a sua participação neste processo se pauta por “princípios de seriedade e de defesa dos interesses da empresa e dos seus trabalhadores”.

Desde o início do processo, a candidatura da empresa moçambicana gerou alguma perplexidade, especulando-se, no sector, que a empresa poderia estar a servir de veículo a outra grande empresa de construção portuguesa. O valor agora lançado para cima da mesa pela Nadhari gerou ainda maior surpresa, uma vez que a Opway apresenta elevado endividamento e precisa de “um montante estimado em 25 milhões de euros para a pôr a mexer”, admitiu ao PÚBLICO uma forte do sector, que não quis ser identificada.

Na carta enviada pela ESI, liderada por Caetano Beirão da Veiga, a que o PÚBLIO teve acesso, é assumido que a empresa precisa de 700 mil euros no curto prazo, para pagar salários, renovar o alvará e depositar uma caução de uma obra da Refer. Entre as obras que a empresa tem em curso está uma parte dos acessos ao túnel do Marão, com prazo de conclusão até Dezembro do corrente ano.

Depois de vários meses sem qualquer informação, os concorrentes que tinham apresentado propostas de compra foram “convidados” na passada sexta-feira, 30 de Janeiro, para comparecerem no leilão.

Outro aspecto que a Prebuilt contesta neste processo é o facto de, no dia 29 de Janeiro, um dia de cessação de funções na empresa, a administração liderada por Almerindo Marques ter recorrido ao Processo Especial de Revitalização  (PER).

Apesar de ter apresentado uma proposta de compra, no âmbito da venda da construtora iniciado em Outubro pela ESI, o fundo de capital de risco Vallis não compareceu no leilão.

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