Com paciência e persistência é possível encontrar os melhores preços online

Preço de dez presentes adquiridos online 11% mais baixo do que no comércio convencional. Poupança conseguida numa lista de prendas para o Natal que inclui brinquedos, livros, vinho, perfume ou tablets.

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Para poupar é preciso conciliar as compras online com as no comércio tradicional Enric Vives-Rubio

É preciso paciência, persistência e alguma teimosia para encontrar os melhores preços e conseguir poupar na lista de presentes de Natal.

 

Se a pesquisa for online são horas em frente ao computador, a percorrer páginas, a descobrir serviços de comparação de preços e a detectar as ofertas disponíveis quer nos gigantes do comércio electrónico, quer nos pequenos negócios de origem portuguesa. Nas lojas físicas, são outras tantas horas a caminhar de bloco de notas em punho a vasculhar preços entre cadeias de retalho concorrentes.

O trabalho árduo compensa na carteira. Numa lista de dez presentes seleccionados pelo PÚBLICO – e que não são uma amostra representativa, apenas um mero exemplo – comprar online ficou 11% mais barato do que comprar nas lojas de retalho. E se a estratégia de poupança for levada mesmo a sério, é possível ter um preço total 13% mais barato se se conjugarem produtos adquiridos nos dois canais de venda.

Nesta lista de presentes está um livro, um brinquedo, um videojogo, um vinho do Porto, um perfume para senhora, umas botas para a chuva, um tablet, uns auscultadores de DJ, uma peça de lingerie e um utensílio de cozinha. A factura global ultrapassa os 734 euros (654 euros na Internet, portes de envio incluídos).

Primeira conclusão: nos produtos de valor inferior não é fácil conseguir preços competitivos, até porque os custos de envio pesam sobre o valor total. O livro seleccionado, por exemplo, tem o mesmo preço online do que na loja (22,05 euros). O brinquedo (uma boneca de 14,45 euros) é 54 cêntimos mais caro na Internet.

Tiago Guedes, que em Outubro lançou o Mãozinha, um “facilitador de compras online”, diz que “de forma geral, é mais difícil arranjar preços competitivos para produtos com um preço abaixo dos 20 euros”. “Se conseguirmos um desconto de 20% num produto de 20 euros, a poupança de quatro euros é facilmente absorvida por portes de envio que tradicionalmente são acima de cinco euros”, refere. Num artigo de 200 euros, 20% mais barato na Internet, já compensa “claramente os portes”, continua.

Há ainda que ter em conta que quanto mais produtos se comprarem no mesmo site, maior é a economia de escala e a poupança. Além disso, “há sites que oferecem os portes de envio para produtos acima de um determinado valor, aumentando ainda mais o diferencial de poupança possível entre produtos caros e baratos”, acrescenta Tiago Guedes, um dos três sócios do Mãozinha.

Dos dez artigos da lista do PÚBLICO, não foram encontradas boas alternativas online no caso do Vinho do Porto (o vintage de 2005 seleccionado era 5,42 euros mais dispendioso na Internet) e no utensílio de cozinha (um bule), seis euros mais em conta no comércio convencional. Pelo contrário, foram conseguidas boas poupanças no videojogo (de 69,99 euros para 45 euros), nas botas para a chuva (de 110 euros para 88 euros), no perfume (de 53,50 euros na prateleira, para 45,99 online), no tablet (de 259,90 euros para 243,50 euros) e na peça de lingerie (de 52 euros para 40,7 euros).

A melhor opção é conjugar os dois mundos. Se seleccionarmos os melhores preços da Internet com os do comércio físico é possível alcançar uma poupança total de 13% sobre a factura a pagar nas lojas, que equivale a 92,46 euros.

Mercado em crescimento
O comércio electrónico está a crescer mas ainda não tem um peso significativo no total das transacções feitas, nomeadamente, com cartões bancários. Os últimos dados da SIBS mostram que apenas 1,2% das compras pagas com cartão são feitas online. São 678 milhões de euros num bolo total de 29 mil milhões de euros (valores de 2011).

Apesar do universo reduzido, a evolução deste negócio é notória. Em 2007 os portugueses fizeram 3,9 milhões de compras na Internet. O ano passado, o número disparou: 115% para 8,4 milhões.

“Em Portugal a procura já existe. Há muitos consumidores a comprarem online, seja em sites portugueses, seja em estrangeiros. As infra-estruturas são do mais avançado: a rapidez e o acesso à Internet são de elevada qualidade à escala global. O que ainda falha é a oferta ao nível de e-commerce. E uma estratégia digital integrada”, analisa Nuno Netto, um dos responsáveis da Deloitte pelo Xmas Survey.

Este estudo, o Xmas Survey, sobre as intenções de compra dos portugueses neste Natal mostra que apenas 25% dos inquiridos pretende adquirir presentes online. Contudo, para a maioria, a Internet é fonte de inspiração na hora de seleccionar prendas. Cerca de 55% procuram informação sobre produtos tecnológicos, 53% pesquisam actividades de lazer, 47% artigos de moda e 45% brinquedos. Da lista de 19 países analisados neste relatório, apenas os inquiridos da República Checa baseiam as suas pesquisas apenas na Internet.

“Para um país com as características de Portugal, com um mercado interno pequeno e acusado de ser periférico, o e-commerce é a grande oportunidade para acabar com esse mito”, conclui.
 

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