Circulação de comboios normalizada após greve dos maquinistas da CP

Em cinco dias foram suprimidos quase quatro mil comboios. Nova greve marcada para 16 de Abril.

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Os efeitos da greve desta quarta-feira na CP podem prolongar-se até à manhã de quinta-feira João Gaspar (arquivo)

A circulação ferroviária já está normalizada em todo o país, apesar de terem sido suprimidos quatro comboios até às 8h desta terça-feira, resultado da greve na CP que terminou às 24h de segunda-feira.

"Até às 8h da manhã de hoje [terça-feira] só foram suprimidos três comboios urbanos em Lisboa e um regional, ainda efeitos da greve", segundo a porta-voz da CP, Ana Portela.

Dos 261 comboios que deveriam ter circulado até às 8h, só quatro é que não estiveram ao serviço, adiantou, ainda fruto dos constrangimentos provocados pela paralização

A greve convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial e Itinerante (SFRCI) para reclamar o cumprimento da decisão dos tribunais relativa ao pagamento dos complementos nos subsídios desde 1996, teve uma percentagem de viagens anuladas de 80 e 90% na quinta e na sexta-feira, enquanto na segunda cumpriu-se a "expectativa de 90% de supressões a nível nacional", segundo o sindicato.

Fonte sindical revelou à Lusa a "adesão total" dos associados do SFRCI, que inclui os funcionários das bilheteiras e os revisores, embora tenha havido "poucos" funcionários não sindicalizados a trabalhar durante o dia de segunda-feira.

O presidente do SFRCI, Luís Bravo, explicou à Lusa que a CP foi condenada, em várias instâncias, a restituir os complementos que não foram pagos aos trabalhadores no subsídio de férias desde 1996 e no subsídio de Natal entre 1996 e 2003, estimando uma dívida de cerca de dez milhões de euros aos revisores e trabalhadores das bilheteiras.

Além dos revisores, a circulação dos comboios da CP no fim-de-semana da Páscoa foi também afectada pela greve ao trabalho em dia feriado do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF).

A greve começou a 2 de Abril e prolongou-se por quatro dias, mas os seus efeitos foram mais polongados. Até ontem, a CP foi obrigada a cancelar quase quatro mil comboios, por causa da greve convocada pelos dois sindicatos, e a empresa está a braços com uma nova greve convocada para 16 de Abril.

O pré-aviso foi entregue ainda na segunda-feira e envolve nove associaçõess sindicais que protestam contra a venda da EMEF e da CP Carga, a fusão da Refer com a Estradas de Portugal e a eliminação de benefícios a trabalhadores e reformados.

Apesar de não incluir os sindicatos dos maquinistas ou dos revisões, os trabalhadores destes sectores também são abrangidos, pelo que ainda é cedo para antecipar o impacto que a greve poderá ter.

A CP já pediu que fossem decretados serviço mínimos, mas a decisão caberá ao tribunal arbitral, nomeado pelo Conselho Económico e Social. Na greve que terminou na segunda-feira, o tribunal arbitral presidido por João Leal Amado, professor de Coimbra, acabou por não decretar serviços mínimos além dos relacionados com comboios de socorro (um maquinista em cada oito horas de trabalho).

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