Chipre cria fundo de investimento para assegurar resgate

“Plano B” recebeu luz verde dos partidos. Governo cipriota espera obter cerca de 4000 milhões de euros com a participação de empresas em fundo de investimento.

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Os bancos continuam encerrados, mas as caixas automáticas estão a funcionar Nuno Ferreira Santos
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O Presidente cipriota, Nicos Anastasiades, e os líderes dos partidos chegaram a acordo para ser criado um “Fundo de Investimento de Solidariedade”, como alternativa à proposta rejeitada no Parlamento para taxar os depósitos bancários nos bancos da ilha mediterrânica.

O “Plano B” foi anunciado pelo porta-voz do Governo de Chipre, Christos Stylianides, depois de uma nova ronda negocial entre os responsáveis políticos no palácio presidencial, em Nicósia.

A ideia é que empresas cipriotas possam participar no fundo de investimento, convertendo o dinheiro dos fundos de pensões e dos planos de previdência em títulos desse fundo. Assim, em troca recebem obrigações do fundo, tendo como garantia as receitas de exploração de gás. Com isto, prevê-se que o Estado consiga obter cerca de 4000 milhões de euros.<_o3a_p>

Neste esquema, que permite ao Estado ganhar liquidez, os particulares podem comprar títulos do fundo de investimento, para o qual também a Igreja Ortodoxa de Chipre se mostrou disponível em contribuir, graças ao património e investimentos que tem na ilha mediterrânica.<_o3a_p>

A proposta está já sob avaliação técnica para que, “se necessário”, o Conselho de Ministros a possa aprovar imediatamente e dar seguimento ao projecto para este ser votado no Parlamento.

Os balcões dos bancos vão permanecer encerrados até terça-feira, estando apenas a funcionar as caixas automáticas exteriores. As instituições estão a receber financiamento de emergência do Banco Central Europeu, que, horas antes de ser anunciado um acordo, lançou um aviso directo às autoridades do país, alertando que só manterá a linha de emergência até segunda-feira. Na capital, junto às caixas automáticas, há filas de pessoas para levantar dinheiro.

Quando saiu da reunião convocada por Anastasiades, o presidente do Parlamento, Yiannakis Omirou, garantiu que a proposta da taxa sobre os depósitos era uma questão do passado. O tema não esteve em cima da mesa, assegurou Yiannakis Omirou, citado pela AFP.

Como as necessidades de financiamento de Chipre são superiores ao montante que a União Europeia e o FMI estão dispostos a emprestar, Nicósia procura garantir fundos para complementar o resgate de 10.000 milhões de euros acordados com os parceiros europeus. Segundo a proposta inicial, muito criticada, o executivo previa arrecadar 5800 milhões de euros, sendo aplicado um imposto extraordinário (de dois escalões) sobre os aforros, independentemente do montante depositado. Não sendo excluído qualquer depósito, a medida quebrava a “regra de ouro” europeia de proteger os montantes até aos 100 mil euros.

Proposta inicial sob fogo
Envolvidos pelas críticas, o Eurogrupo e o Governo recuaram em relação ao que tinha sido fechado na madrugada de sábado em Bruxelas, mas a proposta revista que foi a votação no Parlamento cipriota acabou por ser chumbada.

Os termos iniciais terão caído definitivamente por terra, mas continuam a gerar críticas. Uma decisão irreflectida, pouco transparente e tomada sem pensar nos cidadãos – é assim que a conferência de líderes do Parlamento Europeu olha para a posição inicial do Eurogrupo.

A Conferência dos Presidentes, órgão do Parlamento Europeu onde têm assento o presidente, Martin Schulz, e os líderes dos grupos parlamentares, esteve reunida ontem. E daí resultou um comunicado, conhecido nesta quinta-feira antes de ser anunciado o “Plano B”, onde se exige que o Eurogrupo assuma a responsabilidade sobre a “solução original” desenhada para o sistema bancário cipriota.

As reportagens em Chipre são financiadas no âmbito do projecto Público Mais
 
 
 
 
 
 

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