Chipre avisa que não tem dinheiro para pagar salários e pensões de Abril

O país precisa de 75 milhões de euros para assegurar o pagamento de salários e pensões à função pública no mês de Abril.

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Nuno Ferreira Santos

O novo ministro da Economia cipriota, Jaris Yeoryiadis, alertou nesta segunda-feira que os fundos públicos de Chipre poderão acabar ainda este mês, tendo em conta que a primeira tranche do resgate financeiro da troika não deverá chegar antes de Maio.

"A situação financeira é difícil e está no limite", explicou Yeoryiadis na comissão parlamentar de economia do país, onde prestou informações sobre as actuais reservas do Estado.

O porta-voz do Governo, Jristós Stilianidis, disse que o executivo "fará o possível para que não haja uma suspensão de pagamentos" em Abril.

De acordo com outra fonte governamental citada pela agência AFP, o país precisa com urgência de 75 milhões de euros para assegurar o pagamento de salários e pensões à função pública no mês de Abril.

Sendo necessários 160 milhões para cumprir as obrigações este mês, adiantou a mesma fonte, acrescentando que Chipre tem "em caixa" apenas 85 milhões de reserva, precisando rapidamente de obter financiamento externo.

A ilha cipriota prevê que a primeira tranche do resgate, de cerca de dez mil milhões de euros (60% do Produto Interno Bruto – PIB), seja atribuída em Maio, embora os números finais ainda não tenham sido divulgados.

A questão será abordada na reunião informal dos ministros da Economia e das Finanças europeus,  a 12 e 13 de Abril em Dublin, para que o processo de aprovação esteja concluído até ao final do mês.

O Presidente russo, Vladimir Putin, informou hoje que, a pedido da Comissão Europeia, irá reestruturar o empréstimo de 2,5 mil milhões de euros concedido a Chipre em 2011, de forma a facilitar a sua devolução.

Por outro lado, Yeoryiadis rejeitou a possibilidade de uma saída da zona euro, grupo que integra desde 2008, apesar dos vários pedidos nesse sentido:

"A saída de Chipre do euro não só implicaria a remoção dos depósitos dos dois bancos (banco do Chipre e banco Popular, os mais afectados pela crise) como também causaria a regressão de toda a economia em séculos de vida", disse o ministro.

O governante frisou ainda que o Governo "não faz nem dispõe de um plano B, excepto o de implementar o que foi acordado no memorando", e sublinhou que o objectivo principal do executivo liderado pelo conservador Nikos Anastasiadis é "a permanência de Chipre na zona euro".

Além disso, Yeoryiadis disse que o Governo está a trabalhar o mais rapidamente possível na conclusão do processo de recapitalização dos bancos e no "substancial relaxamento das restrições" ao movimento de capitais.
 

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