Chipre acaba com limites aos levantamentos bancários

O país continua com as restrições de saída de capital, que deverão ser levantadas até ao fim do ano.

Foto
Há um ano, os bancos estiveram fechados em Chipre Nuno Ferreira Santos

O Governo de Chipre aboliu o limite de 300 euros para os levantamentos de dinheiro das contas bancárias e aliviou outras medidas que tinham sido instauradas há um ano, para evitar a ruptura do sistema bancário do país e uma fuga de capitais.

De acordo com um comunicado do ministro cipriota das Finanças, Haris Georgiades, a decisão foi possível porque já foram alcançadas algumas das metas definidas num plano de recuperação do sector bancário. Estre estes objectivos concretizados está a fusão de um conjunto de pequenos bancos, que tinham recebido dinheiro do resgate de 10.000 milhões de euros, emprestados pela troika. “Com a estabilização geral e a recuperação da confiança no sistema bancário, é possível aliviar mais as restrições”, afirmou o governante.

Para além do fim do tecto aos levantamentos, os habitantes de Chipre poderão agora abrir novas contas bancárias e passam também a estar autorizados a fazer transferências até 50 mil euros por mês, sem terem de apresentar documentos justificativos – antes, este valor era de 20 mil euros. Para as empresas, o limite de transferências passa a ser de 200 mil euros, o dobro do que até aqui. Os clientes dos bancos passam ainda a poder resgatar os depósitos antes do final do prazo.

O país, no entanto, continua a restringir a saída de capitais para o estrangeiro, uma medida inédita na União Europeia. As autoridades cipriotas já afirmaram que pretendem acabar com esta medida até ao final deste ano.

Há um ano, com bancos perto da falência, o pequeno país na periferia de Europa viu-se forçado a decretar um encerramento bancário, que durou 13 dias. Nesse período, e com notícias de cortes nos depósitos a circular, as pessoas acorreram às caixas automáticas para levantar dinheiro, que se tornava um bem escasso, e tiveram de ser impostos limites aos levantamentos.

A reestruturação do sector bancário que se seguiu implicou o desmantelamento do falido banco Laiki (também conhecido como o Banco Popular de Chipre), cujos activos saudáveis e dívidas passaram para o Banco de Chipre. Os depositantes tiveram de contribuir para a operação, com parte do dinheiro dos depósitos acima dos 100 mil euros (o montante protegido pelas normas europeias) a ser convertido em acções dos bancos. No caso do Laiki, os clientes ficaram sem a totalidade dos fundos acima do valor protegido. No caso dos depositantes no Banco de Chipre, o corte foi de 37,5%.

 

Sugerir correcção
Comentar