CGTP: destruíram-se 617 mil postos de trabalho entre 2008 e 2014

Mais de 12% do emprego total desapareceu nos anos da crise e foi na Administração Pública que a queda foi “mais violenta”, diz estudo da central sindical.

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Petição da CGTP, liderado por Arménio Carlos, é discutida hoje no parlamento Miguel Manso

A CGTP alertou nesta quinta-feira para a destruição de 617 mil postos de trabalho entre 2008 e 2014, o que corresponde a 12,1% do emprego total, e considerou que o direito ao trabalho é cada vez mais limitado.

"Nos últimos anos houve uma destruição de emprego sem precedentes em Portugal. Entre 2008 e 2014 foram destruídos 617 mil postos de trabalho, correspondendo a 12,1% do emprego total", diz um pequeno estudo feito pela central sindical com base em dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a que a agência Lusa teve acesso.

De acordo com a análise na Administração Pública a quebra de emprego "foi ainda mais violenta: 9,8% em apenas três anos", entre 31 de Dezembro de 2011 e 31 de Dezembro de 2014. Ao mesmo tempo, o desemprego em Portugal aumentou, passando de 418 mil desempregados em 2008 para 726 mil em 2014, e a taxa de desemprego cresceu de 7,6% em 2008 para 13,9% em 2014, chegando a ultrapassar os 16% em 2013, de acordo com o INE. Entre os jovens com menos de 25 anos a taxa de desemprego passou de 16,7% em 2008 para 34,8% em 2014.

O desemprego de longa duração (mais de 12 meses) cresceu em quase todos os anos do período em análise o que, segundo a CGTP, mostra que "os desempregados têm grandes dificuldades de se reinserirem no mercado de trabalho e, mais ainda, em empregos com qualificações e condições equiparáveis às dos empregos que perderam". O desemprego de longa duração atingiu cerca de dois em cada três desempregados (65,5% em 2014 face a 49,9% em 2008) e o desemprego de muito longa duração (24 meses) atingiu 44% dos desempregados face a 28,3% em 2008. "Este crescimento ocorre no mesmo período em que se reduziu a protecção social no desemprego", considera a CGTP, criticando as políticas seguidas pelos últimos governos. Para a Intersindical, estas políticas "que conduziram o país à recessão" também incentivaram a emigração "como um meio de ajustamento económico".

Entre 2011 e 2014 saíram de Portugal mais de 485 mil trabalhadores em busca de melhores condições de vida e de trabalho. "Neste quadro, a CGTP-IN apresentou uma Petição na Assembleia da República subscrita por 27 486 trabalhadores, exigindo resposta para um problema que afecta mais de um milhão de portugueses", justifica a central sindical.

A petição da CGTP, que defende a atribuição do subsídio social de desemprego a todos os desempregados que já não tenham protecção, vai ser nesta quinta-feira discutida no plenário parlamentar.

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