CGD aplica 8,5 milhões no aumento de capital do moçambicano BCI

Instituição financeira, onde o banco público está associado ao BPI e a investidores locais, mais do que duplicou o capital social.

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CGD detém 51% do moçambicano BCI Filipe Arruda

O moçambicano Banco Comercial e de Investimentos, (BCI), que tem a Caixa Geral de Depósitos como principal accionista, mais do que duplicou o seu capital em Junho, passando de 3.000.000.000 meticais (cerca de 70,3 milhões de euros) para 6.808.799060 meticais (perto de 160 milhões de euros). A maior parte deste aumento foi feito através da incorporação de reservas, mas houve também a necessidade de avançar com a subscrição de novas acções, no valor de 727.524.180 meticais (cerca de 17 milhões de euros).

Enquanto maior accionista, com 51% do capital, foi à Caixa Geral de Depósitos (CGD) que coube o esforço financeiro de maior dimensão, investindo cerca de 8,5 milhões de euros na segunda maior instituição financeira de Moçambique.

Questionada sobre esta operação, fonte oficial da CGD afirmou ao PÚBLICO, por escrito, que  “os grandes investimentos previstos para a economia moçambicana, nomeadamente no sector da energia, tornaram necessário preparar a instituição para dar resposta aos desafios que se avizinham, o que passava pelo aumento de capital”.

O crescimento do banco, refere a mesma fonte, “vinha sendo efectuado de forma auto-sustentada, com a definição desde 2008 de uma política de retenção de 75% dos resultados líquidos do exercício”. “A emissão foi subscrita na sua totalidade pelos accionistas, com excepção de alguns pequenos accionistas que representam 0,008% do capital”, assegura a CGD. O BPI tem 30% do capital do BCI, seguindo-se o grupo de investidores locais reunidos no grupo Ensitec, dono de 18,12%.

Com o aumento de capital, o BCI reforça indicadores como o rácio de solvabilidade. Este, no final do ano passado, estava nos 8,64% (12,3% em 2010). O rácio do seu principal concorrente, o Millennium bim (que lidera o mercado local), estava no final do ano passado nos 19%.

Esta instituição (que uniu os interesses do BPI e da CGD a partir de 2003, numa parceria inédita) tem vindo a registar uma subida dos empréstimos e depósitos (bem como dos resultados líquidos, apesar do aumento das imparidades registadas no ano passado), acompanhando a dinâmica do mercado onde opera.  A esmagadora maioria dos empréstimos  (81% do total) têm como clientes as empresas, com destaque para os sectores da construção, comércio e serviços, e transportes.  Ao mesmo tempo, o BCI tem investido no aumento da rede de balcões (168 agências no final de 2014, contra 133 um ano antes) e no número de funcionários, bem como no universo de caixas multibanco e de terminais de pagamento. No final de 2014, a quota de mercado do BCI no crédito a clientes estava nos 29,7%, enquanto a dos depósitos era de 28,5%.

A dinâmica do BCI, que terá a sua nova sede em Maputo pronta no final do primeiro trimestre de 2016, tem ajudado as contas do BPI e da CGD, contribuindo para os lucros consolidados que as duas instituições geraram no primeiro semestre deste ano, tal como Angola. Este último, no entanto, onde a CGD e o BPI (através do BFA) são concorrentes, é um mercado mais lucrativo. No caso do Banco Caixa Geral Totta Angola (BCGTA), este rendeu 10,6 milhões à CGD nos primeiros seis meses deste ano. Quase na mesma altura em que reforçou o capital no BCI,  a CGD assegurou também 100% da Partang, holding que, por sua vez, é dona de 51% do BCGTA.

Até aqui, a Partang era detida a 51% pela CGD e a 49% pelo Santander, que optou agora por sair do mercado angolano. Entre os actuais accionistas do BCGTA estão a Sonangol (com 25%) e António Mosquito (dono da Soares da Costa e accionista do grupo de media que detém a TSF, Diário de Notícias e Jornal de Notícias). O PÚBLICO questionou a CGD sobre o valor da operação, mas o banco público disse que não revelava, nem ia revelar, o montante em causa.

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