Cerca de 25% das candidaturas a fundos para a inovação são de jovens empresas

Propostas para o Portugal 2020 na área da inovação empresarial atingiram o número recorde de 1200 e o investimento envolvido somou 2,1 mil milhões de euros

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Região norte foi quem recebeu mais candidaturas a fundos para a inovação empresarial Ana Maria Coelho

Uma em cada quatro empresas candidatas a apoios do Portugal 2020 no âmbito do último concurso para inovação empresarial é novas ou nascente, isto é, tem menos de três anos de actividade à data da candidatura. E uma em cada três empresas procura apoios para a criação de um novo estabelecimento. Os números, a que o PÚBLICO teve acesso, constam das estatísticas elaboradas pelo Compete (umas das autoridades que gestão que recebeu candidaturas) e ajudam enquadrar as afirmações de “dinamismo” empresarial a que se referiu o ministro do planeamento, Pedro Marques, na audição na Assembleia da República na passada segunda-feira, bem como a intervenção do primeiro-ministro desta quinta-feira. António Costa disse que o executivo deu "prioridade máxima à execução dos fundos comunitários".

Uma leitura mais fina aos dados do documento elaborado pelo Compete  - e que abrangem não só as 181 candidaturas recebidas, mas também as mais de mil que foram submetidas aos planos operacionais regionais,  permitem confirmar o “número recorde” que foi anunciado pelo ministro do Planeamento, referindo-se tanto às propostas (1200) como ao nível de investimento envolvido (2,1 mil milhões de euros). Demonstra ainda que 88% das empresas que se candidataram não tiveram apoios de inovação empresarial no âmbito do QREN, o ciclo comunitário anterior que vigorou entre 2007 e 2013.

De acordo com as estatísticas consultadas pelo PÚBLICO, a região norte foi quem recebeu mais candidaturas (556), seguida da região Centro (311). Em Lisboa surgiram 53, no Alentejo 55 e no Algarve 48.

Uma expressiva maioria (77%) dos 1200 milhões de euros de investimento proposto foi feito por empresas inseridas no sector da indústria transformadora, com claro destaque para a fabricação de produtos metálicos, que absorve 33% da fatia de investimento. Tratam-se de projectos com uma forte vertente tecnológica, em que a compra de máquinas e equipamentos representa cerca de dois terços do investimento.

Depois dos metais, é o alojamento (na indústria do turismo) que garante a segunda maior fatia, com 10% do investimento proposto, ou seja 219 milhões de euros. Um outro dado relevante que é possível constatar é o facto de se referirem a projectos promovidos por empresas que pretendem ter uma presença forte no mercado internacional, com aumento das suas exportações, sendo que a diversificação de mercados é um critério valorizado. Os mercados com maiores aumentos previstos são: Ásia (238%), África (197%, excepto PALOP), América (172%, excepto BRIC, Brasil, Rússia, Índia, China) e BRIC (147%).

Merece referência, ainda, o facto de mais de metade das empresas (749) chegarem ao ano cruzeiro dos seus projectos de investimento em 2020. O ano de cruzeiro corresponde ao segundo exercício económico completo após o ano de conclusão física e financeira do projecto, com excepção dos projectos do sector do turismo. Neste caso, corresponde ao terceiro exercício económico completo.

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