Dois anos depois, Cerâmica de Valadares reinicia a produção

Marca foi “salva” da liquidação por ex-quadros e novos investidores

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Cerâmica de Valadares retoma produção industrial. Adelaide Carneiro

Os fornos da Cerâmica de Valadares, empresa que se encontrava em processo de liquidação quando foi “salva” por ex-quadros e novos investidores, retomaram a produção, depois de mais de dois anos em que apenas foram acesos para garantir a sua manutenção.

Os novos investidores propõem-se injectar 1,2 milhões de euros, ao longo dos próximos cinco anos, de forma a assegurar a continuação da empresa, que deverá garantir, de forma faseada, 130 postos de trabalhos, incluindo muitos ex-trabalhadores.

A empresa assinala esta segunda-feira o arranque da laboração, em cerimónia para que está convidado o secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social, Agostinho Branquinho, e o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, que apoiou o relançamento da empresa, através da isenção de taxas e aceleração de licenças.

A queda da Cerâmica de Valadares ficou a dever-se às elevadas dívidas acumuladas, numa altura em que a empresa até estava conseguir uma forte afirmação nos mercados externos, através da aposta em produtos de qualidade.

A queda acelerada da Valadares, em 2011 e 2012, ajuda a explicar o  valioso stock de louça sanitária existente no momento da liquidação que, segundo os números que constam do processo de insolvência da empresa disponível no Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia, estava avaliado em oito milhões de euros “a custo industrial de produção” e em quase seis milhões “numa óptica de continuidade” da empresa.

A ARCH, a empresa que se propõe relançar a marca, preferia falar, em Novembro de 2014,  num valor de stock entre três e quatro milhões de euros.

A segunda vida da empresa fica a dever-se ao empenho do administrador de insolvência, Rui Castro Lima, que depois de esgotadas as tentativas de venda da unidade e já depois de os credores terem aprovado a sua liquidação, desafiou ex-quadros e novos investidores a relançarem a marca.

Em Setembro de 2014, nasceu a ARCH, sociedade anónima, com um capital social de 50 mil euros.

O contrato estabelecido entre os novos investidores e os credores da empresa, que reclamaram 96 milhões de euros de créditos, inclui a venda do stock existente e a entrega de 30% do valor gerado à massa falida. Pressupõe ainda o aluguer de parte das instalações industriais, uma pequena parte dos cerca de 18 campos de futebol de área, por um período de cinco anos, e a opção de compra da marca, pelo valor de 500 mil euros.

A estratégia comercial começa pelo mercado ibérico, mas depois vai estender-se ao resto da Europa, ao Médio Oriente, Ásia e América do Sul, explicou ao PÚBLICO o vice-presidente da ARCH, Henrique Barros.

Uma das vantagens competitivas da Valadares é a capacidade de produção integral das peças, desde a concepção do produto ao fabrico das máquinas que os vão produzir.

E é por causa do know-how acumulado que os novos investidores pretendem recrutar perto de uma centena de ex-trabalhadores que vão regressar à empresa para participar na segunda vida daquela que chegou a ser a maior cerâmica portuguesa, empregando 300 trabalhadores.

No início da sua história, em 1921, a empresa começou por fazer telhas e tijolos, dedicando-se nos últimos 70 anos à produção de louça sanitária.

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