Centeno defende avanços controlados nas políticas para garantir estabilidade

Ministro das Finanças diz que o país não deve perder de vista os seus “objectivos de equilíbrio económico e financeiro”.

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A competitividade da economia não pode estar centrada no factor salarial, diz Centeno Nuno Ferreira Santos

O ministro das Finanças, Mário Centeno, defendeu nesta segunda-feira a necessidade de "avançar de forma controlada" nas políticas públicas, para "garantir estabilidade" e mitigar os riscos para a economia portuguesa, como a incerteza internacional ou a "indefinição política".

"Os cenários macroeconómicos, pela sua natureza, encerram riscos. A começar pela incerteza que paira na economia mundial. Seja por abrandamentos, recessões ou vulnerabilidades em algumas economias, seja por questões de indefinição política: tudo isto pode revelar-se prejudicial ao crescimento português", afirmou Mário Centeno, numa conferência organizada pela UGT que decorreu hoje em Lisboa.

Nesse sentido, o ministro das Finanças defendeu que "as políticas públicas devem transmitir a estabilidade necessária para que se criem as expectativas de recuperação" económica, lembrando que a meta de crescimento económico deste ano (1,8%) está assente na procura externa, que depende da retoma do investimento.

"Todos compreenderão a necessidade de avançar de forma controlada, garantindo a estabilidade, com o sentido posto nos nossos objectivos", inscritos nos programas de Governo, Nacional de Reformas e de Estabilidade, afirmou o governante. Nesse sentido, Mário Centeno deixou uma promessa em nome do Governo: "Faremos todos os esforços para empreender as reformas necessárias para desenvolver a economia portuguesa e diminuir esses riscos". "Portugal nunca deve perder de vista os seus próprios objectivos de equilíbrio económico e financeiro", sublinhou.

Durante o discurso, o governante enumerou os diferentes riscos para a economia portuguesa: a crise em parceiros como Angola ou Brasil, mas também a desaceleração na Europa ou a "redução da força de trabalho", que se verifica "há muitos semestres".

Uma "economia cada vez mais global", considerou ainda, exige mais competitividade e que se encontrem "formas de competitividade que não estejam centradas no factor salarial", defendeu.

O ministro das Finanças aproveitou ainda para destacar os números da execução orçamental até Abril, divulgados na passada quarta-feira, salientando a melhoria das receitas fiscais e das contribuições sociais e uma despesa pública "bastante abaixo do que está previsto para o conjunto do ano".

Mário Centeno discursava depois de o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, ter instado o ministro a "tranquilizar os trabalhadores e o país".

"É preciso dar tranquilidade, porque sem tranquilidade não há estabilidade governativa, nem há estabilidade na negociação. Sem estabilidade não há paz social", disse Carlos Silva.

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