CCP considera taxa sobre produtos com excesso de sal e açúcar uma “patetice”

Confederação do comércio e indústria junta-se ao coro de protestos da indústria agro-alimentar e de bebidas.

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Vieira Lopes Enric Vives-Rubio

“Uma patetice”. É assim que o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, classifica a hipótese, entretanto afastada pelo ministro da Economia, de o Governo aplicar taxas especiais sobre produtos alimentares com excesso de sal e de açúcar a partir do próximo ano.

Depois de António Pires de Lima contradizer o secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, classificando o encarecimento destes produtos uma “especulação” e um “fantasma”, foi a vez de a confederação que representa o comércio e serviços criticar esta intenção, também rejeitada pela indústria alimentar e de bebidas.

À entrada da reunião de Concertação Social desta segunda-feira, João Vieira Lopes pronunciou-se sobre o tema, quando questionado pelos jornalistas. “Consideramos que uma taxa dessas é uma patetice”. E mais não disse, seguindo para o edifício do Conselho Económico e Social (CES), onde iria decorrer a reunião entre o Governo e os parceiros sociais.

Quando, na semana passada, a ministra das Finanças veio anunciar em que áreas vão incidir os 1400 milhões de euros de cortes aprovados pelo Governo em Conselho de Ministros, Maria Luís Albuquerque admitiu que na área da saúde poderia haver também “contributos adicionais do lado da receita, designadamente na indústria farmacêutica ou de tributação sobre produtos que têm efeitos nocivos para a saúde”.

Uma intenção que seria clarificada ao PÚBLICO pelo secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, mas depois afastada pelo ministro da Economia. “Na linha do que se faz noutros países, ponderando os seus exemplos, queremos criar condições para que haja menor propensão para o consumo de produtos associados a riscos específicos para a saúde, melhorar os hábitos de consumo das pessoas”, afirmou Leal da Costa, esclarecendo que em causa poderiam estar bebidas e alimentos sólidos embalados com quantidades de sal e de açúcar superiores a determinados níveis, ainda por definir.

Mais tarde, ao PÚBLICO, Pires de Lima considerou a nova taxa “uma ficção, um fantasma que nunca foi discutido em Conselho de Ministros e cuja especulação só prejudica o funcionamento da economia”. E apenas admitiu um novas alterações nos impostos sobre o consumo de tabaco, sobre o álcool e as bebidas alcoólicas.

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