Cavaco considera que “competitividade não pode depender só do ajustamento dos custos do trabalho”

Presidente da República alertou para o “enfraquecimento das políticas de investigação e desenvolvimento”.

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Presidente da República criticou desequilíbrios no financiamento às empresas na União Europeia Nuno Ferreira Santos

O Presidente da República defendeu nesta quarta-feira que “a elevação da competitividade das nossas empresas não pode depender só do ajustamento dos custos do trabalho”, acrescentando que “as empresas com maior sucesso são, visivelmente, as que mais investem em investigação e desenvolvimento e na formação do capital humano”.

Na sessão de encerramento do IX encontro da Cotec, em Lisboa, Cavaco Silva considerou que “há que evitar o enfraquecimento das políticas de investigação e desenvolvimento”. Estas declarações surgiram na mesma semana em que o chefe de Estado recebeu o ministro da Educação e da Ciência, Nuno Crato, para abordar as políticas do Governo nestas áreas, nomeadamente no que diz respeito ao corte de bolsas da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Para o Presidente da República, é necessário atenuar “o fosso [tecnológico] que nos separa de outros países mais competitivos na União Europeia (UE)”, já que Portugal e os países do Sul apresentam um défice de “cerca de 20%” face aos restantes Estados-membros.

O chefe de Estado destacou ainda a importância de impulsionar a reindustrialização em Portugal e nas economias do Sul da Europa, que deve “basear-se numa utilização mais eficiente da energia e dos recursos naturais”, bem como na crescente qualidade dos produtos e das preocupações ambientais.

Cavaco Silva destacou as “desmesuradas” dificuldades de financiamento suportadas, nomeadamente, pelas pequenas e médias empresas (PME) e alertou para a urgência na criação de um leque mais alargado de alternativas de crédito “à escala da UE, considerando fontes de financiamento não bancárias”, por forma a obter melhores níveis de competitividade. “O facto de as empresas exportadoras, em particular, suportarem encargos de juro muito superiores às suas congéneres europeias prejudica seriamente a sua competitividade”, disse.

Por último, o Presidente da República defendeu que “os fundos comunitários devem contemplar o relançamento industrial”, apontando para o valor das novas indústrias e das indústrias criativas e destacando “o peso que as PME têm em certas economias”.

Em Janeiro, o Governo apresentou à Comissão Europeia o acordo de parceria para o novo quadro comunitário de apoio, cujas verbas ultrapassam os 21.000 milhões de euros a executar até 2020. Do bolo total, cerca de 6000 milhões de euros serão destinados às PME.

 

 
 
 

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