Barroso: cautelar será, à partida, “a melhor opção" para Portugal

Durão Barroso diz que ainda é cedo para decidir, mas à partida esta seria o caminho mais seguro.

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Durão Barroso diz que reacção dos mercados é um sinal de que ainda não saimos da crise GEORGES GOBET/AFP

A duas semanas da primeira reunião dos ministros das Finanças da moeda única no ano em que Portugal termina o actual programa de resgate financeiro, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, considerou ser cedo para se decidir qual é a melhor estratégia do pós-troika. Mas assumiu, nesta segunda-feira, que o recurso a um “programa cautelar” é, à partida, “a melhor opção”.

À margem de uma actuação de um grupo que se deslocou a Bruxelas para “Cantar a Janeiras”, Barroso pronunciou-se sobre a situação portuguesa, defendendo que, neste momento, “o que é importante é continuar a executar o programa com determinação” e “verificar se Portugal tem condições para “sair com êxito deste programa de ajustamento”.

Para o presidente do executivo comunitário, embora o programa cautelar seja o cenário que “garante mais confiança [e] mais segurança”, saber se o Governo vai seguir, ou não, escolher esse caminho “não é a questão neste momento”.

Ao admitir este cenário numa altura em que o Executivo ainda mantém todos os cenários em aberto, incluindo uma “saída limpa”, Barroso vai ao encontro do cenário referido no final do ano passado pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, quando disse que Portugal deveria precisar de um segundo “programa”.

“O que interessa é saber qual é a melhor solução: se Portugal conseguir voltar a financiar-se autonomamente, se é melhor fazer com ou sem um programa cautelar”. Um cenário, como outro, sobre o qual a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, já disse não ter qualquer “preconceito de partida”. A questão portuguesa, segundo disse a ministra ainda em Dezembro, deverá ser abordada na reunião do Eurogrupo de 27 de Janeiro, em Bruxelas.

Questionado sobre se acredita que 2014 será o ano do fim da crise em Portugal, o ex-primeiro-ministro português disse crer que sim, embora alertando que os efeitos “na vida concreta das pessoas” demoram sempre algum tempo a fazer-se sentir. “Os sinais são positivos. Os sinais macroeconómicos vão todos no bom sentido. Não apenas o crescimento, mas sobretudo a redução do desemprego e, muito importante, a confiança dos investidores”, disse, apontando designadamente a emissão de dívida a cinco anos realizada na semana passada.

Num leilão onde foi buscar 3250 milhões de euros a uma taxa de juro de 4,657%, o Tesouro português conseguiu testar o apetite dos investidores e cobrir quase todo o financiamento deste ano (faltando apenas 17% do total), mas não assegurar o acesso pleno aos mercados. Para Durão Barroso, “esta emissão de dívida foi um sucesso”. “Esperemos que seja confirmada a tendência noutras emissões de dívida. A verdade é que Portugal hoje está a ser visto pelos investidores internacionais de uma forma muito mais positiva do que aquela que sabíamos existir há alguns anos”, reforçou.

Durão Barroso sublinhou que a conclusão bem-sucedida do programa de ajustamento prevista para Maio próximo — será, acima de tudo, "uma vitória" para o país e "será muito bom para Portugal e para os portugueses".

"Não nos esqueçamos que há poucos meses atrás as pessoas diziam o contrário. Portugal estava a ser cada vez mais desvalorizado nos mercados, as pessoas diziam que Portugal não era capaz de conseguir. E agora o sentimento geral é que Portugal vai conseguir. Eu espero que Portugal não perca esta oportunidade, que Portugal não desperdice agora todos os esforços extraordinários que foram feitos, os sacrifícios que os portugueses tiveram que suportar", disse.

Por fim, o presidente do executivo comunitário admitiu que "no plano da vida concreta das pessoas, ainda não se estão a sentir esses resultados, mas é sempre assim".

"Há uma distância no tempo entre a mudança dos indicadores económicos, nomeadamente em termos de confiança, quer dos investidores, quer dos consumidores, e os resultados, nomeadamente em termos do emprego", justificou.
 
 
 

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