Carlos Costa refuta “veementemente” a versão de Ricardo Salgado

Governador do Banco de Portugal nega ter aceitado nome de Morais Pires para suceder a Salgado. E revela carta de Abril em que se refere as mudanças na liderança do BES.

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Carlos Costa Enric Vives-Rubio

Uma das grandes revelações de Ricardo Salgado na comissão de inquérito ao BES foi a de que sugeriu, em Junho, Amílcar Morais Pires como seu sucessor e que o governador do Banco de Portugal, depois de ter pedido dois dias para pensar, respondeu que o sucessor “será quem o senhor presidente entender”.

Horas depois desta revelação de Salgado, Carlos Costa emitiu um comunicado em que desmente o ex-presidente do BES. “Aproveito ainda a oportunidade desta carta para refutar veementemente diversas afirmações feitas pelo Dr. Ricardo Salgado durante a audição na CPI a respeito da alegada aceitação do Dr. Morais Pires para futuro presidente da comissão executiva do Banco Espírito Santo”, lê-se numa carta enviada a Fernando Negrão, presidente da comissão parlamentar de inquérito.

Aproveitando a abertura de Ricardo Salgado, que na comissão de inquérito autorizou a revelação da correspondência entre o BES e o Banco de Portugal, Carlos Costa revela uma carta que escreveu a 7 de Abril.

Nessa missiva, o governador diz a Ricardo Salgado: “V. Exa. comunicou-me que, na sequência da reunião de 31 de Março último, estava a considerar a criação de um novo órgão no BES, de natureza estratégica e com uma adequada representação accionista, que não duplicasse as funções dos órgãos sociais, designadamente dos que desempenham funções de administração e de fiscalização. Tal como transmitido a V. Exa., o Banco de Portugal entende que os titulares dos órgãos que resultem da futura solução de governo devem resultar de um amplo e sólido consenso accionista e não envolver riscos em termos de avaliação de idoneidade.”

Neste texto, Carlos Costa verá um pedido expresso para que Salgado abandonasse a liderança do BES. Já o ex-banqueiro tem uma visão diferente, como fez questão de dizer na comissão de inquérito: “Ouvi surpreendido as declarações do Governador do BdP segundo o qual teve um braço-de-ferro comigo. Nunca me foi sugerido que estava em avaliação a minha idoneidade. Bastaria um sinal [do Banco de Portugal] para eu abandonar a liderança do banco."

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