Carlos Costa pede plano sustentável para garantir a venda do Novo Banco

Vítor Bento reuniu-se na terça-feira com o governador do Banco de Portugal, a quem disse haver “indícios de recuperação da confiança”.

Foto
Vítor Bento prepara uma “redefinição da oferta” do Novo Banco Nuno Ferreira Santos

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, esteve reunido na terça-feira com a administração do Novo Banco, liderada por Vítor Bento, a quem pediu que prepare um plano que garanta a estabilização do banco e chame investidores que possam entrar no capital da instituição financeira que herdou os “activos bons” do ex-Banco Espírito Santo (BES).

As conclusões da reunião foram tornadas públicas nesta quarta-feira num comunicado do Novo Banco. Para a “concretização da estrutura accionista”, garante a administração de Vítor Bento, “vão ser desenvolvidos os contactos necessários” com os potenciais investidores interessados, em articulação “com a administração do Novo Banco e com o apoio e interacção dos consultores financeiros contratados por cada uma das entidades”.

Para assessorar a venda, o Banco de Portugal convidou o grupo bancário francês BNP Paribas a apresentar uma proposta que maximize “o valor da transacção sem afectar a normal actividade do Novo Banco”, fez saber o banco central na última sexta-feira.

Já no encontro de terça-feira entre Vítor Bento e Carlos Costa, o governador pediu ao CEO do Novo Banco “a preparação de um plano apontado ao desenvolvimento sustentável do banco e que ajude a atrair investidores que possam formar uma estrutura accionista estável e comprometida com esse desenvolvimento”, refere ainda o Novo Banco.

A equipa de Bento informou, por seu lado, o governador sobre a mudança progressiva de imagem do banco, para, num período máximo de dois meses, acabar com o logótipo associado à família Espírito Santo nas fachadas e na decoração dos 631 balcões do grupo.

O “processo de transição de imagem [elaborado pela agência BBDO] que levará à mudança global, incluindo os balcões que passaram a exibir [parcialmente] a nova marca já a partir de ontem”, pretende normalizar a “relação do Novo Banco com os seus clientes, processo que também envolverá a redefinição da oferta e posicionamento estratégico da instituição”, sublinha ainda o banco.

O redimensionamento do banco não é referido pelo CEO, mas a reestruturação já foi admitida por Vítor Bento numa entrevista à SIC dias depois da intervenção no ex-BES. Nessa altura, disse não poder adiantar pormenores (por ter passado pouco tempo desde a intervenção do Banco de Portugal), embora tenha considerado “provável” uma redução do número de trabalhadores e de balcões.

Esta foi uma preocupação que o coordenador da Comissão de Trabalhadores do Novo Banco, João Matos, transmitiu ao secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, com quem este reunido nesta quarta-feira. “Queremos que sejam garantidos todos os postos de trabalho e também a passagem do fundo de pensões, no futuro, para quem adquirir o banco”, afirmou João Matos, citado pela Lusa.

Cerca de três semanas após a intervenção no antigo BES, a administração de Vítor Bento vê já “indícios de recuperação da confiança”. Isso mesmo a administração do Novo Banco “assinalou” a Carlos Costa, a quem disse que a instituição continua empenhada “em servir os seus clientes com a qualidade a que os habituou [no BES] e atendendo às necessidades das empresas e de todos aqueles que lhe confiam as suas poupanças”.

Com a intervenção no ex-BES a 3 de Agosto, o banco foi partido em dois, concentrando num “banco mau” os activos tóxicos e dando origem a uma nova instituição com os “activos bons” onde foram injectados 4900 milhões de euros através do Fundo de Resolução bancária.

O Novo Banco passou assim a ser uma instituição de transição, com um estatuto híbrido. É detido pelo Fundo de Resolução, fundeado no sistema financeiro, nomeadamente pelos bancos concorrentes Caixa Geral de Depósitos, BCP, BPI, Montepio Geral, Banif, Santander e Caixa de Crédito Agrícola Mútuo.
 

   


Sugerir correcção
Comentar