Caixabank reunido para decidir futuro no BPI

Conselho de administração debate novo quadro após chumbo da desblindagem de estatutos.

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Espanhóis do CaixaBank querem controlar o BPI António Borges

O Conselho de Administração do Caixabank está reunido na tarde desta quinta-feira, em Barcelona, nomeadamente, para analisar o “chumbo” à desblindagem dos estatutos do BPI, cuja aprovação era uma das condições de êxito da OPA lançada sobre o banco liderado por Fernando Ulrich.

Entre os cenários possíveis está a subida da contrapartida ou deixar cair a operação, cujo objectivo era permitir fazer corresponder o poder do Caixabank ao investimento realizado no BPI, onde detém 44,1% mas cujos direitos de voto estão limitados a 20% do capital.

Depois de meses de indefinição quanto ao futuro do BPI, espera-se que a administração do principal accionista esclareça qual a ilação que retira do resultado da AG que esta quarta-feira decorreu no Porto, com 42% dos investidores presentes a não viabilizarem a mudança de regras que exige o apoio por 75% do capital.  No mercado, há quem tenha a expectativa de que possa ser anunciada uma posição clarificadora: retirar a OPA do mercado. Mas há outros cenários igualmente possíveis. Um deles passa por rever os termos da operação e impor, por exemplo, como condição de sucesso, ter mais de 50% do capital e rever para cima a actual contrapartida de 1,329 euros por acção. Mas o preço terá que ser racional.

Deixar a OPA ir até ao fim é uma solução que vai acentuar o clima de impasse que hoje domina o capital do banco português, com os dois accionistas de referência em posições desavindas.

Até que o Caixabank se pronuncie, o futuro da instituição contínua em aberto. Qualquer que seja a resposta abrirá novos caminhos que vão sempre exigir entendimentos no capital. As dúvidas são muitas e os grandes gabinetes de advocacia movimentam-se: o Caixabank tem a seu lado a Unría Menéndez, enquanto Isabel dos Santos conta com Jorge Brito Pereira, por enquanto na PLMJ, e o BPI é assessorado por Francisco Sá Carneiro.

Para o impasse que se gerou parece contribuir uma condução errática dos acontecimentos por parte dos investidores. Os factos são conhecidos. Depois de ter informado que se opunha à OPA, Isabel dos Santos apareceu a defender a fusão do BPI com o BCP, numa proposta pouco sofisticada de muitas incógnitas. E nas vésperas da AG do BPI, de 29 de Abril, a Santoro deu outro passo e entregou um pedido de aditamento à agenda da reunião para se debater a eliminação da restrição dos direitos de voto, o que justificou com o intuito de acelerar o desfecho da oferta do Caixabank.

Mas em cima da reunião de 29 de Abril, o representante do Caixabank solicitou ao presidente não executivo do BPI, Artur Santos Silva, que na sua qualidade de accionista recomendasse a interrupção do encontro, para que fosse retomado mês e meio depois de modo a que o capital se pronunciasse sobre a desblindagem. Os espanhóis justificaram-se, dizendo que faltavam as autorizações dos bancos centrais de Portugal, Espanha e do BCE, mas procuraram também ganhar tempo para negociar com a Santoro.

Esta quarta-feira, sem que o ambiente se tivesse alterado desde 29 de Abril, o Caixabank veio dizer que agora já não pretendia adiar a AG (o que poderia fazer mais uma vez) e o resultado foi o esperado: a minoria de bloqueio à volta de Isabel dos Santos funcionou e votou contra a proposta apresentada pela própria empresária. Iniciativas que indiciam uma navegação à vista ou, então, que as negociações nos bastidores estão em curso. Recorde-se que as OPA são programadas ao detalhe com dossiers de ataque, de resposta.

Mas o facto de passadas mais de 24h00 se continuar a desconhecer qual vai ser passo seguinte de cada um dos lados, em particular, nesta fase, do Caixabank, acentua o quadro de instabilidade à volta do terceiro maior banco privado, cuja cotação começou a cair a meio da manhã de ontem. A CMVM pediu informações ao Caixabank que por não terem sido enviadas até à abertura do mercado levou o regulador a suspender esta manhã a cotação à espera da divulgação de informação relevante.  

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