Bruxelas nega existência de negociações para segundo resgate a Portugal

A Comissão Europeia negou neste sábado peremptoriamente que já esteja a trabalhar num novo resgate a Portugal, garantindo que o cenário de um novo pacote de ajuda financeira não está em cima da mesa, “nem parcialmente nem de qualquer outra forma”.

Em declarações à Lusa, a propósito da notícia do PÚBLICO avançada neste sábado, Simon O'Connor, porta-voz da Comissão, garantiu que a instituição está exclusivamente focada na implementação bem sucedida do atual programa de ajustamento.

“As discussões que decorrem em Lisboa (entre as autoridades portuguesas e a troika [composta por FMI, BCE e Comissão Europeia] no quadro da avaliação trimestral do programa de austamento) estão exclusivamente focadas em garantir a implementação bem sucedida do programa acordado para Portugal, de modo a criar as condições para uma retoma económica sustentável e um regresso à criação de postos de trabalho”, afirmou.

O porta-voz do comissário Olli Rehn garantiu que, além do exame regular em curso do actual programa de assistência a Portugal, “nada mais está sobre a mesa, nem ‘parcialmente’, nem de qualquer outra forma”.

Segundo o PÚBLICO deste sábado, a eventualidade de Portugal precisar de um segundo resgate para assegurar o seu financiamento é agora vista em Bruxelas como o cenário mais provável e que já está, aliás, "parcialmente na mesa".
 

"Muito provável", "praticamente inevitável" e mesmo "largamente inevitável" foram os prognósticos ouvidos pelo PÚBLICO junto de várias fontes envolvidas no actual programa de assistência financeira a Portugal. No centro desta convicção está a constatação de que muito dificilmente Portugal reconquistará a confiança dos investidores para voltar a obter nos mercados o financiamento necessário ao funcionamento do Estado a partir do fim do actual programa de ajuda, em Junho de 2014.

Com taxas de juro superiores ao nível considerado insustentável de 7%, a par da ameaça das agências de notação financeira de voltar a degradar o nível de risco da dívida portuguesa, as probabilidades de o país conseguir recuperar nos próximos meses a credibilidade perdida são neste momento consideradas quase nulas.

O primeiro-ministro, Passos Coelho, já tinha levantado a eventualidade de um segundo resgate em Agosto, após o chumbo da requalificação da função pública pelo Tribunal Constitucional (TC) e voltou a falar no tema há uma semana.

Todos os interlocutores atribuem a desconfiança dos mercados ao "ruído" - ou seja, ao desacordo - gerado dentro do Governo ao longo da Primavera em torno do nível dos cortes nas despesas do Estado e que levou, no início de Julho, à demissão do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, e à crise política subsequente.

Mais no PÚBLICO deste sábado e na edição online exclusiva para assinantes.
 

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