Bruxelas iliba presidente do BCE de suspeitas de conflito de interesses

O mediador europeu abriu uma investigação na sequência de uma queixa do Observatório Europeu das Empresas sobre o Grupo dos Trinta, a que pertence Draghi.

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Mario Draghi, presidente do BCE Johannes Eisele/AFP

O Comité de Vigilância da União Europeia ilibou nesta segunda-feira o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, de qualquer suspeita de conflito de interesses por pertencer ao fórum internacional Grupo dos Trinta.

O Grupo dos Trinta é um fórum internacional que agrupa dirigentes do sector financeiro público e privado.

O mediador europeu, P. Nikiforos Diamandouros, rejeitou "uma queixa segundo a qual a independência, a reputação e a integridade do BCE seriam prejudicadas por o presidente da instituição pertencer ao Grupo dos Trinta", indica o Comité num comunicado.

O mediador europeu abriu uma investigação a Draghi em Julho na sequência de uma queixa do Observatório Europeu das Empresas, uma ONG que defende que o Grupo dos Trinta é um "instrumento de lobbying que visa promover interesses financeiros privados”.

A ONG lamentou a decisão de hoje do mediador europeu e sublinha num comunicado que o Grupo dos Trinta está longe de ser "um grupo de reflexão neutro".

O organismo é um "instrumento importante utilizado pelos grandes bancos privados, como o Goldman Sachs e o JPMorgan Chase, para defenderem os seus interesses", adianta a ONG.

Segundo a ONG, o Grupo dos Trinta promove os interesses do sector financeiro privado e dá oportunidade aos banqueiros privados de fazerem lobbying junto de representantes do sector público, tais como o presidente do BCE.

O mediador concluiu que "os membros do Grupo dos Trinta, o seu financiamento e os seus objectivos eram muito diversos para que o Grupo seja considerado como um grupo de interesses".

Contudo, Diamandouros sugeriu que por “razões de transparência”, o BCE torne público, no site da Internet, a informação de que Draghi pertence ao Grupo dos Trinta.

O Grupo dos Trinta é composto por representantes de alto nível dos bancos centrais, de instituições financeiras públicas, de bancos privados e de sociedades de investimento, bem como por políticos e académicos.

O presidente da organização é o antigo presidente do BCE Jean-Claude Trichet.

Num comunicado, o BCE tinha explicado que o Grupo dos Trinta não era nem um lobby nem um grupo de interesses, mas um fórum onde se trocam pontos de vista.

Segundo o BCE, não é só aceitável, mas mesmo essencial, que o seu presidente tenha reuniões regulares com representantes dos sectores público e privado.

Draghi já tinha sido criticado pelo percurso e pela sua passagem pelo Goldman Sachs entre 2002 e 2005, numa época em que o banco norte-americano ajudava a Grécia a "camuflar" as suas contas.
 

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