BPI teve um prejuízo de 105 milhões no primeiro trimestre

Prejuizo está ligado às menos-valias da venda de dívida soberana. Banco já pediu para pagar os 420 milhões que ainda deve ao Estado,

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Espanhóis do CaixaBank querem controlar o BPI António Borges

O BPI teve um prejuízo de 104,8 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, quando em idêntico período do ano passado registara um lucro de 40,5 milhões. No comunicado enviado ao mercado na tarde desta quarta-feira, o banco anunciou ainda que já pediu autorização às autoridades para reembolsar o Estado em 420 milhões de euros, o que permite ao banco liderado por Fernando Ulrich liquidar a totalidade do empréstimo que recebeu, em 2012, no âmbito do programa de assistência financeira à banca.

A intenção de antecipar a devolução das obrigações subordinadas de conversão contingente subscritas pelo Estado português (CoCos) ao Estado foi anunciada na tarde desta quarta-feira. Ao mesmo tempo, o banco anunciou ao mercado as suas contas trimestrais, onde revela um prejuízo consolidado de 104,8 milhões de euros em resultado das “menos-valias extraordinárias da venda de dívida pública portuguesa e italiana de médio e longo prazo” que chegaram aos 102 milhões após impostos.

Com a devolução dos 420 milhões de euros do empréstimo de obrigações subordinadas de conversão contingente subscritas pelo Estado português (CoCos), o BPI antecipa o seu reembolso. O pedido de nova entrega segue-se à devolução, a 19 de Março, de uma tranche de 500 milhões de euros, com o banco a informar que, no primeiro trimestre, “teve um custo de 18,2 milhões de euros de juros” em CoCos.

Em 2012 o banco foi levantar à linha de recapitalização pública (de 12 mil milhões) 1,5 mil milhões de euros, quantia que tem vindo a pagar. O BPI é o primeiro banco (BCP e Banif também receberam apoios do Estado) que se propõe saldar a dívida para com o Tesouro português.

De acordo com o comunicado, publicado na CMVM, nos primeiros três meses do ano a margem financeira do BPI diminui 3,6%, mas as comissões mantiveram-se estáveis, a cair 0,2%. Já os custos reduziram-se 1,4%, caindo 2,3 milhões de euros, enquanto os da actividade doméstica diminuíram 1,1%, menos 1,4 milhões de euros.

O rácio de crédito em risco situou-se em 5,2%, “menos de metade da média do sistema bancário português (10,6% em Dezembro de 2013) e  cobertura por imparidades em 79%”. As imparidades para crédito caíram para 45,3 milhões de euros. O rácio de transformação de depósitos em crédito está já abaixo dos 100%, situando-se em 94% (o BPI recebe mais recursos do que concede de empréstimos). A recomendação do Banco de Portugal é que o rácio fique abaixo dos 120%.  Os depósitos cresceram 582 milhões de euros, mais 2,4%.

“Considerando o reembolso de 420 milhões de euros de CoCo (e antes de considerar o impacto positivo de operações de optimização capital previstas)”,em 31 Março de 2014, “o rácio core tier I seria de 7,4%, o que corresponderia a um excesso de capital de 69 milhões relativamente ao mínimo de 7%” exigido pela EBA (regras de Basileia III).  Segundo as regras do BCE este rácio seria de 11,1%, o que corresponderia a um excesso de capital de 567 milhões de euros, face a o valor de referência do BCE de 8%.

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