BPI prepara terreno para hipótese de Portugal não regressar aos mercados em 2013

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Ulrich diz não ter ideia daquilo que os mercados pensam de Portugal ou do BPI Foto: Ricardo Brito

Com a incerteza sobre o regresso de Portugal e da banca aos mercados financeiros em 2013, o presidente do BPI diz que a gestão do banco está a acautelar a eventualidade de as instituições continuarem com o financiamento de longo prazo fechado nos mercados internacionais.

Fernando Ulrich, que falava esta tarde na apresentação de resultados trimestrais do banco, diz não ter ideia de quando é que as instituições portuguesas vão voltar a financiar-se em condições normais.

“Temos vindo a gerir o banco na perspectiva de que os mercados nunca mais vão reabrir para os bancos portugueses. Espero que não aconteça, mas esta é uma forma de gerir o BPI de forma prudente. Se eles abrirem, óptimo”. Até porque, sustentou, não faz a “mínima ideia” do que é que os mercados pensam de Portugal e do BPI. “O que é isso dos mercados? É o somatório de decisões de muitos investidores”.

Para Ulrich, no actual quadro é impossível prever em que momento os mercados mudam de opinião. O Governo mantém a perspectiva – a mesma da troika – de que Portugal vai poder voltar a emitir dívida de longo prazo no mercado com sucesso e rejeita outro cenário que não aquele que está inscrito nas três revisões do Memorando de Entendimento.

Ulrich não arrisca previsões. “Não faço rigorosamente ideia de quando iremos regressar”. “Sabemos agora que querem evitar o risco português. E a mudança de opinião, de sentimento pode levar anos, semanas ou dias”, observa.

Para cumprir a exigência da Autoridade Bancária Europeia, os bancos portugueses têm de reforçar capitais até ao final de Junho, para ficar com um rácio Core Tier 1, que mede a solvabilidade das instituições, nos 9%, no mínimo. E até ao final do ano, de reforçar o rácio para os 10% exigidos pelo Banco de Portugal.

Poderão fazê-lo com aumentos de capital por meios próprios ou recorrendo à linha de recapitalização do Estado, através dos 12 mil milhões de euros da troika reservados para a banca. O presidente do BPI, no entanto, diz não acreditar que é pelo facto de os bancos terem mais capital que vão regressar aos mercados mais cedo.

No final de Março, o Core Tier 1 do BPI estava nos 9,4%. No primeiro trimestre, conforme foi hoje divulgado, o banco apresentou um lucro de 39,3 milhões de euros (menos 13% do que no mesmo período do ano passado).

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