Bolsa recupera com subida de 3% e juros da dívida acalmam

Negociações entre Passos Coelho e Paulo Portas diminuem receios dos investidores. Maioria das cotadas do PSI-20 segue em alta na manhã desta quinta-feira.

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No mercado secundário, os investidores pedem juros de 6,24% pela dívida a dez anos Patrícia de Melo Moreira/AFP

Depois da queda abrupta em reacção à crise política, a Bolsa de Lisboa começou nesta quinta-feira a recuperar fôlego. O PSI-20 abriu em alta e segue ao início da manhã a valorizar-se 3%. No mercado secundário de dívida, os sinais são também de acalmia, com um recuo das taxas de juros em todos os principais prazos dos títulos de dívida portuguesa.

Depois da queda abrupta em reacção à crise política, a Bolsa de Lisboa começou nesta quinta-feira a recuperar fôlego. O PSI-20 abriu em alta e estava ao início da manhã a valorizar-se 3%. No mercado secundário de dívida, os sinais são também de acalmia, com um recuo das taxas de juros em todos os principais prazos dos títulos de dívida portuguesa.

O principal índice da bolsa lisboeta ganhava perto de 2% por volta das 8h e estava uma hora depois a crescer já 3%. Se na sessão de quinta-feira nenhuma das 20 cotadas do índice escapou às quedas, nenhuma está agora em terreno negativo. Dezoito empresas negociavam em alta àquela hora e duas estavam com a cotação inalterada (no valor de fecho da última sessão).

O movimento de subida do PSI-20 – numa altura em que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas negoceiam um acordo que segure o Governo – segue-se a uma fuga dos investidores das acções portuguesas. A pressão vendedora fez-se sentir em particular nos títulos da banca, dada a sensibilidade da cotação dos bancos à percepção de subida dos juros da dívida.

Os bancos estão agora a liderar os ganhos, recuperando das perdas que ontem foram superiores a 10%. À cabeça do índice, o Banif valorizava-se 7,6%, o BCP crescia 7,4%, enquanto o BPI avançava 6,7% e o BES ganhava 6,4%.

A reacção dos mercados na quinta-feira foi brusca, mas esperada. O sentimento dos investidores ficou totalmente dependente da situação política, que ameaçava ontem deixar em aberto a manutenção da coligação de governo e isso foi visível em duas frentes: na bolsa, sobretudo com a banca exposta ao risco da dívida soberana, e nos próprios mercados de obrigações em que são revendidos títulos de dívida.

O PSI-20 chegou a perder mais de 7% naquela que foi a mais violenta queda na bolsa portuguesa desde a falência do Lehman Brothers em 2008. Acabou por recuperar no fecho da sessão, acabando por deslizar 5,31%, mas teve mesmo assim a descida mais forte desde 2010.

No mercado secundário de dívida, o risco em relação às obrigações portuguesas disparou para o valor mais alto registado este ano, com os investidores a pedirem taxas de juro acima de 8% pela compra de títulos com prazo de dez anos. Hoje, os juros implícitos baixaram para 7,2%, um patamar arriscado numa altura em que Portugal se prepara para regressar ao financiamento pleno no mercado primário.

O momento de instabilidade foi reconhecido pelo primeiro-ministro em Berlim, onde na conferência europeia sobre emprego jovem foi deixar um sinal de confiança aos parceiros europeus quanto ao regresso da estabilidade governativa em Portugal. Uma mensagem de tranquilidade que os mercados parecem reflectir esta manhã.
 
 

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