Bolsa de Atenas desliza 9,2%, com a banca em queda livre

Acções dos bancos afundaram mais de 25% nesta quarta-feira. Nas praças europeias, as perdas foram contidas e houve espaço para ganhos.

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A Bolsa de Atenas destoou pela negativa face às outras praças europeias Angelos Tzortzinis/AFP

Os sinais de nervosismo que se fizeram sentir nas negociações na Bolsa de Atenas levaram o principal índice grego a cair 9,24% na sessão desta quarta-feira, com os bancos a enfrentarem perdas superiores a 25%.

A queda a pique aconteceu no dia em que o novo Governo, liderado por Alexis Tsipras, reafirmou a prioridade em renegociar a dívida pública e deu como garantida a suspensão do processo de privatizações, do sector energético aos portos.

No índice ASE, onde estão cotadas 20 empresas de referência da Grécia, só cinco escaparam às perdas na sessão desta quarta-feira. Entre as 15 que encerraram em terreno negativo, as maiores desvalorizações couberam aos bancos, mais vulneráveis à percepção de risco dos investidores.

O Piraeus liderou as quedas, ao deslizar 29,26%, seguido do banco Alpha, que tombou 26,76%. Com quedas muito próximas, acima dos 25%, terminaram também as acções do Eurobank Ergasias e do Banco Nacional da Grécia. A queda do sector bancário, o mais penalizado nos últimos dias, chega aos 40% desde as eleições de domingo.

Ainda com uma descida na ordem dos dois dígitos, de 13,9%, encerrou a eléctrica PPC, empresa pública cujo processo de privatização foi travado hoje mesmo pelo novo Governo. A garantia foi deixada logo de manhã pelo novo ministro da Produção, Ambiente e Energia Panayiotis Lafazanis, que assegurou que a operadora vai continuar sob controlo do Estado, que detém na empresa uma participação de 51,12%.

Suspensa ficou também a privatização do Porto de Pireu, na capital, cuja venda estava, segundo a Reuters, na mira dos chineses da Cosco, grupo de transporte marítimo de mercadorias, e de mais quatro interessados.

No mercado de dívida, os juros das obrigações gregas a dez anos aproximaram-se de novo dos 11% e o agravamento fez-se sentir igualmente nos títulos com prazo de cinco anos, que atingiram durante a manhã o valor mais alto desde o processo de reestruturação da dívida em 2012, passando para 13,69%.

A subida dos juros foi mais mitigada no caso português e não se verificou nos títulos espanhóis, que estavam em queda nesta quarta-feira.

Nas praças europeias, os índices de referência não apresentaram tendência definida — uns encerraram com perdas ligeiras, outros com ganhos limitados, em função dos resultados empresariais que continuam a ser conhecidos esta semana.

A Bolsa de Lisboa encerrou em queda, com o PSI-20 a baixar 1,5%, resultado sobretudo da pressão sobre os bancos. O AEX, da praça de Amesterdão, desvalorizou 0,48%, em Paris o CAC 40 terminou do lado negativo, a perder 0,29%, e o FTSE MIB de Milão deslizou 0,81%. Já o alemão DAX de Frankfurt fechou em alta, a valorizar 0,78%, o FTSE 100 de Londres avançou 0,21% e o BEL 20 de Bruxelas cresceu 0,29%.

Nos Estados Unidos, a tendência também é positiva, com os investidores à espera da reunião da Reserva Federal norte-americana e a reagirem de forma positiva a resultados empresariais.

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