BE quer que Estado use as acções e não se limite a “accionista passivo” do Banif

Líder parlamentar do Bloco de Esquerda diz que o Estado deve gerir bancos recapitalizados. Orçamento compromete bancos recapitalizados a contribuição para PME.

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O BE fala esta tarde sobre a proposta do PSD Nuno Ferreira Santos

O líder da bancada do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, afirmou nesta quarta-feira que “o Estado não pode andar a salvar bancos privados sem que tenha o usufruto da sua gestão”, referindo-se ao caso da recapitalização do Banif, em que o Estado se vai tornar no principal accionista através do investimento directo no tecido accionista do banco.

Citado pela Lusa, Pedro Filipe Soares diz que é incompreensível que o Estado não exija “aos accionistas que façam o que têm de fazer, que é meter dinheiro nas suas empresas e não que seja o Estado a substituir-se aos accionistas”.

Por isso, defende o deputado do Bloco de Esquerda, o Estado não deve assumir uma posição de “accionista passivo” e que tenha influência na gestão dos bancos em que injecta capital para que “o crédito seja motor da economia, coisa que o Estado, apesar de salvar os bancos, não exige que eles façam”.

"O Estado não pode andar a salvar bancos privados sem que tenha o usufruto da sua gestão. É essa responsabilidade que exigimos do Governo", afirmou o deputado, em Aveiro.

Governo e Banif anunciaram na segunda-feira os planos para uma recapitalização de 1100 milhões de euros do banco que vai deixar ao Estado mais de 50% do capital. Esta posição de accionista maioritário deve durar durante a primeira fase de recapitalização do Banif, antes que este aumente o seu capital em 450 milhões de euros junto de investidores privados.

O Estado vai retirar os 1100 milhões de euros para a recapitalização do Banif da linha de recapitalização pública de 12 mil milhões de euros garantida pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no âmbito do memorando de entendimento assinado com a troika.

No relatório do Orçamento do Estado para 2013, o Governo anuncia que exige como condição aos bancos que tenham acesso aos fundos públicos que cada um contribua com 30 milhões de euros por ano para um fundo de investimento para contribuir para o reforço dos capitais das Pequenas e Médias Empresas (PME).

O Governo afirma ainda que conta já com “cerca de 90 milhões de euros” em 2013, numa altura em que só as recapitalizações do BPI, BES e Caixa Geral de Depósitos haviam sido anunciadas. 

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