BCP com prejuízo de 152 milhões de euros no primeiro trimestre

Perdas assumidas na Grécia explicam parte do resultado do maior banco privado português. Nuno Amado deixa em aberto o cenário de venda das operações na Roménia e na Polónia.

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Banco liderado por Nuno Amado ficará com uma participação próxima de 5% no Piraeus Adriano Miranda

O Banco Comercial Português (BCP) apurou um prejuízo de 152 milhões de euros nos primeiros três meses do ano. Se a operação do banco na Grécia, entretanto vendida ao Piraeus Bank, não fosse contabilizada, o prejuízo do BCP desceria para 110 milhões de euros, revelou nesta segunda-feira a instituição liderada por Nuno Amado.

O resultado negativo do banco compara com lucros de 40,8 milhões de euros no mesmo período do ano passado e segue-se a dois anos consecutivos de prejuízos (em 2012 o BCP teve um resultado negativo de 1219 milhões de euros).

O prejuízo registado de Janeiro a Março é explicado pelo banco com as perdas assumidas na unidade do BCP na Grécia, o Millennium Bank Grécia (MBG), que se tem revelado uma dor de cabeça para o maior banco privado português. Mas não só. O resultado tem em conta o efeito negativo, na margem financeira do banco, dos custos “da emissão de instrumentos financeiros híbridos, subscritos pelo Estado Português” no quadro da recapitalização exigida ao sector bancário e tem ainda em conta as comissões associadas à emissão de empréstimos com garantia do Estado.

Sem contar com a Grécia, o banco foi buscar à actividade internacional um contributo positivo de 38 milhões de euros, mais 12% na comparação homóloga.

O produto bancário caiu 34,2%, baixando no final de Março para 426,6 milhões de euros, quando na mesma altura de 2012 se situava em 648,7 milhões de euros.

O crédito com incumprimento em relação ao total de crédito aumentou para 8,8% no final de Março, quando um ano antes estava em 6,8%. O mesmo aconteceu com o crédito em risco, que passou para 13,8%, contra 10,9% do ano anterior.

O crédito às empresas entre Dezembro e Março manteve-se estável. Para este ano, a meta de concessão de crédito às empresas é de 4000 milhões de euros, revelou Nuno Amado na apresentação de resultados, em Lisboa. A situação de liquidez mais confortável, diz o presidente do banco, dá alguns sinais de estabilização no financiamento às empresas.

O valor dos depósitos de clientes aumentou 6,9%, graças a um crescimento tanto no mercado doméstico como na actividade internacional, onde mais cresceu. No final de Março, o BCP registava perto de 49 mil milhões de euros em depósitos de clientes, 34.602 milhões em Portugal.

Quanto aos rácios de capital do BCP, o Core Tier 1 (que mede o nível mínimo de capital que os bancos devem ter em função dos requisitos de fundos próprios decorrentes dos riscos da actividade) estava em 12,1%, de acordo com os critérios do Banco de Portugal, e em 9,6%, segundo as regras da Autoridade Bancária Europeia.

Lucro na Polónia
O BCP fechou em Abril o acordo para vender a sua unidade na Grécia ao Piraeus Bank, onde o banco liderado por Nuno Amado ficará com uma participação próxima de 5%.

O grupo bancário fechou em Abril o acordo para vender a sua unidade na Grécia ao Piraeus Bank, onde ficará com uma participação próxima de 5%. Em conferência de imprensa, Amado recusou detalhar futuros desinvestimentos no estrangeiro, deixando em aberto a possibilidade de vender as operações na Roménia e na Polónia, esta última que tem sido uma fonte de lucro para o banco português.

Na Polónia, o Bank Millennium, controlado pelo BCP em 65% do capital, teve um lucro de 28,7 milhões de euros, mais 9% do que no primeiro trimestre do ano passado. E os próximos trimestres, acredita Nuno Amado, deverá continuar a contribuir positivamente para os lucros. Mas, para 2014, o quadro é ainda de incerteza, pois a economia continua “muito volátil”, enquadra.

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