BCE não consegue travar diferenças no acesso ao crédito na zona euro

Estudo do Goldman Sachs alerta que as diferenças nas condições de acesso ao crédito se agudizaram, principalmente nos países periféricos.

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Mario Draghi deverá anunciar novas medidas a 3 de Dezembro AFP PHOTO / DANIEL ROLAND

A actuação do Banco Central Europeu evitou o desmembramento da zona euro, mas agudizaram-se as diferenças nas condições de acesso ao crédito entre os vários países da região, revela um estudo do Goldman Sachs citado esta segunda-feira pelo Financial Times.

Segundo o jornal, as crescentes diferenças nos custos do crédito bancário a pagar pelas empresas “revela como as medidas do BCE evitaram um catastrófico desmembramento da zona euro, mas falharam o objectivo de facilitar as difíceis condições de crédito nos países periféricos do Sul, onde as perspectivas de crescimento económico continuam sombrias”.

Desde meados de 2012, a diferença entre os juros das dívidas soberanas espanhola e italiana a 10 anos face à alemã diminuiu significativamente, tendo o indicador do Goldman Sachs – que mede as variações entre as taxas de juro cobradas pelos vários bancos da zona euro – também começado por diminuir. Contudo, este indicador entrou em trajectória ascendente e atingiu o valor-recorde de 3,7 pontos percentuais em Janeiro, indicando que as empresas do Sul da Europa estavam a pagar juros significativamente mais altos do que as congéneres do Norte.

“A segmentação de mercado permanece, a divergência entre as taxas de juro cobradas pelos bancos persiste e, como resultado, as perspectivas de crescimento económico a curto prazo nos países da periferia são muito sombrias”, sustenta o economista da Goldman Sachs para a Europa, Huw Pill.

Dias antes da reunião do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) da próxima quinta-feira, estes resultados destacam, segundo o Financial Times, a importância de o banco central assegurar baixas taxas de juro particularmente nos empréstimos às pequenas e médias empresas criadoras de emprego em países como Itália e Espanha.

Segundo refere o jornal, grande parte das empresas destes países periféricos da zona euro “dependem fortemente do financiamento bancário” e o efeito de contágio da crise em Chipre – ainda não contabilizado no indicador da Goldman Sachs – pode ter penalizado ainda mais as condições de acesso ao crédito.

Admitindo que os motivos para o agudizar das diferenças no acesso ao crédito no seio da zona euro “não são óbvias”, o Financial Times avança como motivos possíveis a tensão gerada em torno das eleições em Itália de Fevereiro passado, uma deterioração da situação dos bancos ou uma inversão na melhoria do sentimento nos mercados financeiros que se seguiu às medidas do BCE.
 
 
 

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