Barroso alerta para as “consequências sociais” da crise na UE

Aos líderes europeus, que esta semana se reúnem em Bruxelas, o presidente da Comissão Europeia pede que discutam medidas de combate ao desemprego jovem.

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Barroso vai discursar na cimeira sobre competitividade e combate ao desemprego jovem Yves Herman/Reuters

A dias de mais uma cimeira europeia, em Bruxelas, Durão Barroso escreveu aos chefes de Estado e de Governo para fazer um balanço da resposta à crise na Europa e dar conta de algumas preocupações da Comissão Europeia, a que preside. As reformas dos países começam “a dar frutos” mas é preciso ter em atenção as “consequências sociais” da crise, nomeadamente a subida do desemprego, considera.

Para o presidente do executivo comunitário, as medidas adoptadas pelos governos estão a corrigir os “desequilíbrios muito significativos na economia europeia”. Mas há países, que não particulariza, que Barroso diz precisarem de avançar com mais “reformas estruturais” capazes de responder à perda de competitividade ao longo dos anos. No caso dos países sob intervenção externa, como é o caso de Portugal, as economias estão a ajustar-se e as reformas começam a produzir resultados, entende.

“Ainda não saímos da crise, como mostram os níveis inadmissivelmente elevados de desemprego” e este é uma das “consequências sociais da crise” que Barroso diz ser um motivo particular de preocupação da Comissão.

Durão Barroso vê uma melhoria nas condições dos mercados financeiros; acredita que “os esforços de reforma dos Estados-membros estão a começar a dar frutos, corrigindo desequilíbrios muito significativos na economia europeia”; mas nota que isso não se reflectiu ainda na economia real e sublinha que o nível de desemprego atingiu níveis recorde em vários países – 10,8% da população activa na União Europeia e 11,9% na zona euro.

Entre os jovens (dos 15 aos 24 anos), o desemprego subiu para 23,6% na UE e para 24,2% no espaço dos países da moeda única. Na Grécia, onde os dados mais recentes são de Novembro, o nível de desemprego jovem subiu para 59,4%. Em Espanha, a taxa estava em Janeiro nos 55,5%, em Itália de 38,7% e em Portugal nos 38,6%, segundo o gabinete de estatísticas Eurostat.

Numa cimeira dedicada à coordenação das políticas económicas, orçamentais e de emprego, Barroso centrará o discurso aos líderes na competitividade, que diz ser ponto de partida para promover a prosperidade e “dar continuidade aos padrões de vida e valores europeus”, e no desemprego jovem.

No Conselho Europeu, vai apresentar as conclusões de uma iniciativa lançada em Janeiro do ano passado em coordenação com oito países, entre eles Portugal, com elevadas taxas de desemprego entre os jovens. Isto semanas depois de os 27 terem chegado a acordo quanto à “Garantia Jovem”, uma iniciativa destinada a promover o acesso a estágios, ofertas de trabalho e formação a jovens até aos 25 anos que estão desempregados há, pelo menos, quatro meses.

“Todos estamos preocupados com os níveis elevados de desemprego jovem e ao longo de vários Conselhos Europeus já tomámos importantes decisões para combater este flagelo”, refere, sublinhando a necessidade de os países continuarem a aplicar reformas que, a prazo, tragam competitividade e promovam o emprego.

No curto prazo, admite, as medidas de ajustamento para baixar o défice e a dívidas pública dos países “continuam a pesar extraordinariamente no crescimento”, razão pela qual diz ser preciso encontrar, paralelamente, medidas de redução do desemprego jovem.
 
 
 
 
 

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