Banqueiros portugueses encontram-se esta segunda-feira com Mario Draghi

BCE arranca com processo de transição da supervisão dos bancos centrais nacionais para Frankfurt.

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O BCE, liderado por Mario Draghi, volta a pedir aos governos uma "resposta de fundo" para resolver a crise Fredrik Von Erichsen/AFP

O presidente do Banco Central Europeu (BCE) reúne-se nesta segunda-feira, em Frankfurt, com os banqueiros centrais europeus e responsáveis dos 128 bancos que, nos próximos meses, serão sujeitos aos novos testes de stress. O encontro abrange quatro grupos portugueses, CGD, BCP, Espírito Santo Financial Group (que detém o BES) e BPI, e decorrerá um ano antes da passagem da supervisão global do sistema financeiro europeu para a tutela directa da autoridade liderada por Mario Draghi.

A reunião de hoje, que se realiza à porta fechada, marca o início do processo de transição da supervisão dos bancos centrais nacionais para o BCE, a supervisão bancária única, um dos três pilares da União Bancária. Em Novembro de 2014, o BCE assumirá a sua condição de supervisor "global" do sector europeu.

Ainda que a expectativa não aponte para grandes decisões, Mario Draghi deverá prestar esclarecimentos relevantes, nomeadamente, prestando informações mais detalhadas sobre o método e o calendário dos próximos testes de stress que abrangerão pela primeira vez um leque vasto de instituições. O grupo, onde estão os quatro bancos portugueses, considerados com dimensão suficiente para ter impacto sistémico, corresponde a 85% dos activos do sector europeu.

Embora para uma parte relevante dos 128 bancos a acção do BCE seja uma novidade, não o é para os quatros bancos portugueses em causa, já que, desde 2011, data em que a troika chegou a Portugal, têm estado sujeitos a inspecções regulares. Desta vez, no entanto, as análises serão mais apertadas. 

Para além de José Matos, da CGD, de Nuno Amado, BCP, de Ricardo Salgado, BES e de Fernando Ulrich, BPI, espera-se que o vice-governador do Banco de Portugal esteja também presente. Carlos Costa integra o conselho do BCE, onde também está, mas como vice-presidente, Vítor Constâncio. 

Os testes de stress aos bancos europeus têm por objectivo aferir o seu grau de resistência a cenários adversos. Recentemente, o BCE revelou que a sua próxima avaliação será sustentada em três vectores: “uma avaliação do risco para efeitos de supervisão, a fim de analisar, quantitativa e qualitativamente, os principais riscos, incluindo em termos de liquidez, alavancagem e financiamento”; “uma análise da qualidade dos activos para aumentar a transparência quanto à exposição dos bancos”; e “um teste de esforço, destinado a determinar a capacidade de resistência dos balanços dos bancos a cenários de tensão”. As inspecções vão ter como cenário-base um valor de referência de capitais próprios do chamado nível 1, ou seja, os mais sólidos, de 8%. 
 

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