Banif recompra 125 milhões em obrigações subscritas pelo Estado

Operação devolve dinheiro injectado pelo Estado no ano passado.

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Oitante estava a tentar alienar o BBI desde Abril Catarina Oliveira Alves

O Banif anunciou esta terça-feira ter recomprado 125 milhões de euros de obrigações subordinadas de conversão contingente (CoCo's), devolvendo o valor injectado pelo Estado no banco no início do ano passado.

Em comunicado divulgado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o Banco Internacional do Funchal informa que concretizou a compra na sequência da autorização do Banco de Portugal.

A operação já tinha sido autorizada pelo Banco de Portugal no final de Dezembro de 2013.

Em Janeiro do ano passado, o Estado injectou 1.100 milhões de euros no Banif, ficando como accionista maioritário, sendo que 700 milhões foram em acções e 400 milhões em instrumentos de dívida convertíveis em cações, as chamadas CoCo bonds, pelas quais o banco paga um juro anual que começa a 9,5%.

Em troca, o Banif ficou obrigado a fazer um primeiro pagamento de 150 milhões de euros ao Estado (o que aconteceu em agosto passado), para recomprar parte das 'CoCo', e mais 125 milhões de euros.

Ainda como contrapartida pela ajuda do Estado, o Banif ficou obrigado a realizar um aumento de capital de 450 milhões de euros junto de investidores privados com o objectivo de reduzir a participação estatal para 60,57% do capital e 49,41% dos direitos de voto.

"Com esta operação, o Banif devolve um total de 275 milhões de euros ao Estado Português, ou seja, cerca de 70% do montante de CoCo's emitidas. Assim, o montante de CoCo's na titularidade do Estado foi reduzido de 400 milhões de euros para 125 milhões de euros", avançou o banco.

O banco fundado por Horácio Roque e agora liderado por Jorge Tomé disse ainda que "sobre estas obrigações agora recompradas incidia actualmente uma taxa de juro anual efectiva de 9,75%", pelo que "desde a sua subscrição, em Janeiro de 2013, as CoCo's emitidas pelo Banif já pagaram rendimentos ao Estado Português no valor de 34 milhões de euros".

Até ao momento, o Banif arrecadou 311,4 milhões de euros em quatro aumentos de capital, detendo o Estado português 68,8% do banco, faltando cerca de 130 milhões de euros para sair do controlo público, sendo este o valor que uma empresa da Guiné Equatorial poderá injectar no banco.

No ano passado, o Banif teve prejuízos de 470,3 milhões de euros, naquele que foi o terceiro ano consecutivo de resultados negativos, ainda assim menos 19,5% do que os 584,2 milhões de euros de 2012. A instituição está num processo de reestruturação, com diminuição do número de trabalhadores.

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