Banco de desenvolvimento dos BRICS arranca com 50 mil milhões de dólares

Instituição financeira será anunciada pelos chefes de Estado do Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul (BRICS) na próxima semana.

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A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, será a anfitriã da próxima cimeira dos países emergentes AFP PHOTO / ALEXANDER JOE

Será “um espelho” do FMI e do Banco Mundial, mas surge como demonstração da capacidade dos BRICS (países emergentes) de não estarem dependentes destas instituições de âmbito mundial. O novo banco de apoio aos projectos de desenvolvimento dos países emergentes vai mesmo ser anunciado na próxima semana (dias 14 e 15 de Julho), na sétima cimeira dos BRICS, em Fortaleza e em Brasília. A notícia foi dada na terça-feira ao final do dia pelo subsecretário-geral político do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, José Alfredo Graça Lima, numa conferência de imprensa no Rio de Janeiro.

Na segunda-feira, o vice-ministro das Relações Externas chinês, Li Baodong, já tinha destacado “o amplo consenso” existente entre os BRICS para a criação a breve trecho desta instituição.

De acordo com a imprensa internacional, o banco (cujo nome definitivo está ainda por definir) será dotado com um capital inicial de 50 mil milhões de dólares (mais de 36 mil milhões de euros), sendo que cada Estado fundador contribuirá com cerca de dez mil milhões de dólares (7 mil milhões de euros). Já a dotação do fundo de reservas destinado a ser usado em caso de contingências financeiras rondará os 100 mil milhões de dólares (mais de 73 mil milhões de euros), dos quais 41 mil milhões caberão à China, 18 mil milhões à Rússia, Índia e Brasil, e cinco mil milhões à África do Sul.

Segundo o Globo, o embaixador Graça Lima admitiu que os fundadores irão estudar a participação de outros países ou outros bancos de desenvolvimento ou bancos regionais na nova instituição, cujos detalhes deverão ser apresentados durante a cimeira da próxima semana, que tem como temas centrais da agenda o crescimento inclusivo e o desenvolvimento sustentável. Já o dinheiro do fundo deverá estar disponível apenas para os países que integram o bloco económico.

O recurso a este dinheiro só será possível depois de o pedido do países em dificuldades ser analisado por um conselho de governadores dos demais países e por um conselho técnico.

Estas entidades serão “instituições espelho” do FMI e do Banco Mundial na medida em que “obedecem às mesmas regras e às mesmas inspirações”, mas o seu objectivo não é competir e sim “complementar as demais entidades”, disse o diplomata brasileiro citado pelo El Mundo.

Graça Lima admitiu, no entanto, que os dois instrumentos são “de certa forma” uma resposta às tentativas frustradas de reformar o FMI e o Banco Mundial, tal como vêm reivindicando há anos os países emergentes. "É uma demonstração da capacidade dos países do BRICS de não depender apenas do Banco Mundial e do FMI", afirmou o representante do Governo brasileiro citado pelo Globo.

“Os BRICS têm por objectivo promover o crescimento inclusivo e encontrar soluções sustentáveis para os países membros e outros países em desenvolvimento, e não competir por mais poder”, sublinhou.

As cidades candidatas a acolher a sede da nova instituição são Shangai (China), Joanesburgo (África do Sul), Nova Deli (Índia) e Moscovo (Rússia). O Brasil foi o único país que não apresentou proposta de sede.

A reunião de presidentes da próxima semana, em Brasília, será precedida por uma reunião dos ministros de economia e pelos presidentes dos Bancos Centrais dos países membros, em Fortaleza. 
 

   





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