António Mosquito oficializa compra de 27,5% da Controlinveste

Empresário angolano é o novo grande accionista do grupo de media, a par de Joaquim Oliveira. Luis Montez, BES e BCP assumem 15% cada um.

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O grupo controla a rádio TSF, tal como o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias Pedro Cunha

Para o grupo Controlinveste, este é o fim de um ciclo e o início de outro, com Joaquim Oliveira a abdicar do controlo do grupo de comunicação social que detém o Diário de Notícias, Jornal de Notícias, TSF e O Jogo.

Com a assinatura, formalizada esta sexta-feira, do acordo para a recapitalização e reestruturação da Controlinveste, Joaquim Oliveira deixa de ser o principal accionista, encolhendo a sua posição para 27,5%. Ao seu lado está agora o empresário angolano António Mosquito, que, ao comprar 27,5% do capital, entra nos negócios da comunicação social. O investimento na Controlinveste surge após ter passado a dominar a construtora Soares da Costa, que opera num sector que lhe é mais familiar.  

As mudanças accionistas no grupo, que estava com dificuldades de financiamento, envolvem ainda Luis Montez, empresário ligado às rádios  (detém rádios como a Nostalgia,  SWtmn,  Amália, Oxigénio e Radar) o BES e o BCP. No caso de Luiz Montez, o genro de Cavaco Silva (que é também dono da promotora de espectáculos Música no Coração e accionista do ex-Pavilhão Atlântico, através de uma operação que contou com o apoio do BES) fica com 15%, tal como o BES e o BCP.

Nestes últimos dois casos, tratou-se da conversão de dívidas em capital, enquanto Luis Montez, tal como António Mosquito, injecta dinheiro no grupo através de um aumento de capital, sem os que montantes fossem divulgados. As posições dos dois bancos, no entanto, são vistas como não estratégicas, ou seja, estes poderão deixar de ser accionistas assim que haja interesse no capital que agora detêm.

Interesses angolanos

De acordo com o comunicado enviado às redacções sobre a concretização do negócio, o acordo prevê que, nas próximas semanas, haja lugar a “um conjunto de operações jurídicas e financeiras”. Depois dessa fase, “será eleito um novo conselho de administração, presidido por Daniel Proença de Carvalho, e integrando representantes indicados pelos accionistas, com excepção dos bancos”.

O mesmo comunicado afirma que a operação agora formalizada, e que dá origem à Controlinveste Conteúdos (nome da empresa que agrega as várias posições accionistas) vai permitir criar “um grupo de media no espaço da lusofonia potenciador da abertura a novos mercados” e à “captação de sinergias muito relevantes””. O grupo, sublinha o documento, “pretende alcançar e reforçar uma posição de liderança nos segmentos onde está presente e perspectiva novos negócios”. Nada é referido sobre a eventualidade de reduções de despesa e despedimentos nas empresas do grupo.

Daniel Proença de Carvalho é um dos fundadores da Interoceânico, que juntou interesses portugueses e angolanos. O presidente desta sociedade é Carlos da Silva, presidente e accionista do Banco Atlântico (onde a Sonangol tem uma forte presença accionista), instituição financeira de capitais angolanos que participou na assessoria financeira do negócio da Soares da Costa. Carlos Silva, por sua vez, é também vice-presidente do conselho de administração do BCP, onde a Sonangol é a maior accionista, com 19,4%, ficando a Interoceânico com 2,1%. Coube ao BCP montar a operação financeira ligada ao negócio da Controlinveste.

Mosquito: Dos automóveis à banca

No que respeita a António Mosquito, o empresário angolano tem agora dois grandes investimentos em Portugal. No dia 26 de Novembro, Mosquito fez uma viagem relâmpago de 24 horas a Portugal, data em que, antes de seguir para os EUA, fechou o acordo para aplicar 70 milhões de euros na Soares da Costa em troca de 66,7% do capital da construtora. No mesmo dia, assinou o memorando de entendimento que levou à oficialização do negócio agora anunciado.

No caso da Soares da Costa, a aplicação do capital foi feita através da GAM Holdings, sociedade de direito luxemburguês. Em Angola, Mosquito, que não é militante do MPLA, tem diversos negócios, que vão desde o imobiliário à representação e venda de automóveis (VW e Audi), passando pela banca. Entre os seus investimentos está a participação de 12% no Banco Caixa Geral Totta de Angola, dominado pela CGD e pelo Santander Totta, e onde a Sonangol é dona de outros 25%.

Notícia substituída às 18h44, com mais informações

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