Após novo ano de queda nas vendas, Parpública conclui fusão do imobiliário

Reestruturação, que vai levar ao desaparecimento de três empresas, deverá estar concluída ainda durante o primeiro semestre. Negócio imobiliário gerou prejuízos de 6,1 milhões em 2014.

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A Parpublica está sob tutela do Ministério das Finanças

A fusão das empresas de imobiliário integradas no grupo Parpública deverá estar concluída em breve, estando já desenhado o plano que o grupo estatal vai colocar em marcha para obter sinergias nesta área de negócio, que em 2014 voltou a assistir a quebras recorde nas vendas. De acordo com o relatório e contas da holding, esta reestruturação irá levar ao desaparecimento de três empresas: a Sagestamo, a Lazer e Floresta e a Baía Tejo. Um desfecho muito diferente do que chegou a estar acordado com a troika e que passava pela extinção da própria Parpública.

No documento que o grupo divulgou recentemente, refere-se que estão “praticamente concluídos os estudos preparatórios necessários” à fusão e, por isso, prevê-se que “o processo esteja concluído ainda durante o primeiro semestre”. A estratégia, escreve a holding que gere as participações do Estado em empresas, “passará pela concentração de algumas sociedades cuja actividade se desenrola neste sector, criando sinergias, enfoque no negócio e poupanças significativas de custos”.

Contactada pelo PÚBLICO, a Parpública recusou prestar mais esclarecimentos por agora, mas o documento já adianta alguns pormenores sobre a futura estrutura do negócio de imobiliário, que tem passado por dificuldades nos últimos anos. O relatório adianta que o processo culminará com o desaparecimento de três empresas. Uma delas, a holding Sagestamo, será integrada na Parpública. Já a Lazer e Floresta e a Baía Tejo serão fundidas com a Estamo, a empresa onde está contida a maioria dos activos imobiliários do Estado.

“Este processo de reestruturação resulta numa significativa criação de valor em consequência das inúmeras vantagens e benefícios que serão gerados, designadamente pelas sinergias resultantes da concentração de valências e da integração de várias estruturas ao nível funcional, administrativo, financeiro e operacional, bem como a simplificação e melhoria da eficiência de gestão, com a eliminação da dispersão de meios através da racionalização de recursos técnicos, humanos e financeiros”, lê-se no relatório e contas de 2014.

O grupo assume que esta reestruturação tem como objectivo “a constituição de poupanças em resultado da redução significativa de custos e encargos suportados por recursos públicos”. Não são, no entanto, apresentadas estimativas. Numa entrevista que deu ao Diário Económico em Janeiro, a secretária de Estado do Tesouro apontou para um corte de despesas na ordem dos 900 mil euros por ano. Isabel Castelo Branco garantia ainda que a operação não irá resultar numa redução do número de trabalhadores, já que o que está em causa é “usar os recursos de uma forma mais eficiente”.

No relatório, a Parpública, que durante largos anos absorveu imóveis públicos gerando receitas “artificiais” ao Estado, garante que estas alterações vão reforçar “a capacidade de actuação do grupo como instrumento de gestão e rentabilização do património imobiliário público”. Um panorama muito diferente do que chegou a ser pensado para a holding estatal, cujo esvaziamento, fruto do alargado programa de privatizações acordado com a troika, apontava para uma extinção gradual. Esse cenário chegou, aliás, a estar previsto no início do programa de ajustamento, mas acabou por ser abandonado. O grupo passou, porém, a estar integrado no perímetro das contas públicas, já que se considerou que está sob total controlo do Estado.

A reestruturação do negócio de imobiliário surge depois de mais um ano de maus resultados, com as vendas de activos a atingirem o valor mais baixo da última década. De acordo com o relatório e contas, as receitas caíram 33% em 2014 e os prejuízos atingiram 6,1 milhões de euros, agravando-se igualmente 33% face aos 4,6 milhões do ano anterior. Por outro lado, os imóveis em carteira voltaram a desvalorizar-se, na ordem dos 7,5%, para 1381,4 milhões de euros.

No ano passado, a venda de imóveis rendeu apenas 16,4 milhões de euros – um valor muito inferior aos mais de 42 milhões arrecadados em 2013. A Parpública assume que registou uma “quebra muito acentuada”, que justifica com o “mau período vivido pelo mercado nos últimos anos”, mas também com “o ciclo de celebração das escrituras”, garantindo que muitos contratos negociados no ano passado só foram formalizados em 2015. Já no que diz respeito ao arrendamento, o recuo não foi tão expressivo, passando a facturação de 62,2 para 60,7 milhões de euros.

No que diz respeito à Sagestamo, a holding onde está concentrada a maioria dos activos, a Parpública diz mesmo que “o valor das vendas escrituradas pelo grupo [11,9 milhões de euros] atingiu o nível mais baixo desde o início da década”. Esta holding gerou prejuízos de 94,7 milhões de euros em 2014, depois de ter conseguido alcançar lucros de 1,2 milhões no ano anterior. A Lazer e Floresta, que está mais dedicada a projectos na área agrícola, florestal e turística, registou um resultado líquido positivo de 423 mil euros e a Baía Tejo chegou aos 853 mil euros, recuperando das perdas de dois milhões de euros de 2013.

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