Apollo escolhida para comprar Açoreana

Em 2015, a Açoreana mantinha o quarto lugar no ramo Não-Vida.

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A Açoreana possuía 6,2% do Banif Filipe Arruda

O fundo de investimento norte-americano Apollo, dono da Tranquilidade, assinou com as autoridades nacionais (Fundo de Resolução) um pré-acordo de compra de 100% da seguradora Açoreana, que em 2015 tinha a quarta maior posição no ramo Não-Vida. O  preço está dependente dos termos do contrato que ainda não está fechado.

Esta segunda-feira “a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) anunciou que foram estabelecidos os termos de um pré-acordo” de “venda” à Apollo da Açoreana que inclui um compromisso de capitalização da seguradora. A informação surge dias depois de no final da semana passada, no quadro do processo negocial, a Apollo ter dado sinais de que se afastava das conversações, após ter recebido instruções de Londres e de Nova Iorque. Os contactos foram retomados num contexto de pressa por parte das autoridades nacionais por existirem timings a cumprir. Em Janeiro, a ASF escolheu este  fundo norte-americano para iniciar conversas exclusivas, o que afastou da corrida a Caravela e a alemã Allianz.

O valor de aquisição da Açoreana será definido no contrato ainda a ser a ser alvo de ajustes finais, isto se a compra se vier a confirmar. O Fundo de Resolução detém 48% da seguradora, pertencendo a restante parcela do capital à Rentipar, a 'holding' das herdeiras de Horácio Roque.

Depois da integração dos activos bons do Banif no Santander (que pagou 150 milhões e recebeu um “apoio” dos contribuintes portugueses da ordem dos 2000 milhões), a Açoreana perdeu a sua rede de distribuição. Se se confirmar a aquisição da empresa, a Apollo assume a segunda maior posição no ramo Não-Vida, com prémios anuais da ordem dos 600 milhões. A Apollo aceitou preservar a marca da companhia (Açoreana) fundada em 1892 e integrá-la na Tranquilidade, que foi, por sua vez, adquirida ao Novo Banco, e com o qual manteve a pareceria de banque-assurance.

Em 2015, a Açoreana mantinha o quarto lugar no ramo Não-Vida com prémios de 274,56 milhões.

Ao contrário do que afirmou o ministro das Finanças Mário Centeno, a Apollo não garante a continuidade de todos os 700 postos de trabalho. A 29 de Janeiro, na Assembleia da República, Centeno assegurou que “o processo de venda da Açoreana está praticamente concluído” e “a proposta que está a ser negociada [...] não tem prevista nenhuma perda de emprego”.

A Açoreana possuía 6,2% do Banif. O investimento de cerca de 72 milhões foi feito no contexto do acordo de capitalização do banco assinado com o Estado em Dezembro de 2012 e que obrigou os grandes accionistas (Rentipar e Auto-Industrial) a investirem 100 milhões na instituição. Com a medida de resolução todos os investidores, incluindo o Estado que tinha 61%, perderam as acções.

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