Aos 100 anos a BMW mostra um carro para 2116

A fábrica da Baviera é conhecida pelos automóveis, mas começou por criar motores para aviões e foi duas vezes salva pelas motos.

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O conceito da BMW para os carros de 2116 CHRISTOF STACHE/AFP
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O automóvel será capaz de se autoconduzir Michael Dalder/Reuters
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O interior serve também como uma sala de estar móvel CHRISTOF STACHE/AFP
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A BMW R2, a primeira mota da fábrica Späth Chr
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O modelo 501, o primeiro após a II Guerra Mundial Späth Chr

A Bayerische Motoren Werke – que significa Fábrica de Motores da Baviera e é a quarta marca que mais automóveis vende em Portugal – faz nesta segunda-feira 100 anos. E aproveitou o aniversário para apresentar um conceito de automóvel ultrafuturista, que classificou como uma visão para o próximo século. Porém, a fabricante alemã, que é conhecida sobretudo pelos carros, começou por fazer motores para aviões e motos, antes de chegar às quatro rodas, numa história que foi em boa parte moldada pelas duas guerras mundiais.

O dia de aniversário da empresa, há exactamente um século, explica-se por uma sucessão de fusões de fábricas. A 7 de Março de 1916, a BMW não se chamava ainda BMW. Nesse dia, a meio da I Guerra Mundial, foi criada a Bayerische Flugzeugwerke – BFW, a Fábrica de Aviões da Baviera. Um ano mais tarde, uma outra fábrica, chamada Rapp Motorenwerke, acabaria por transformar-se na Bayerische Motoren Werke. E foi esta BMW que comprou a BFW em 1918. A data de fundação acabou por ser retroactiva.

O fabrico dos aviões da Baviera não teve uma vida longa: após o final do I Guerra Mundial, o desarmamento alemão e as restrições impostas pelo Tratado de Versalhes obrigaram a empresa a abandonar este sector e a solução encontrada foi passar para as duas rodas. A primeira moto com o emblema circular azul e branco – a BMW R2, com 198 centímetros cúbicos – foi apresentada ao público em 1923, numa exposição em Berlim. O logótipo fora desenhado alguns anos antes e apresentado como sendo uma hélice em rotação.

Cinco anos mais tarde, a fábrica começou a produzir o seu primeiro automóvel, um modelo criado pela britânica Austin Motor e que esta licenciou para ser produzido pela marca alemã. O primeiro carro de concepção própria chegou em 1932.

Com o atenuar das imposições decretadas pelo armistício, a BMW voltou ao fabrico de motores para aviões e, durante a II Guerra Mundial, quando foi classificada pelo Governo como um fabricante de material de guerra, praticamente abandonou todos os outros produtos. Foi, inevitavelmente, um período negro também para a marca. Tal como muitas outras fábricas, as da BMW usaram trabalho escravo, tanto de judeus provenientes de campos de concentração como de prisioneiros de guerra.

Com a derrota alemã, veio o desmantelamento. A necessidade de pagar reparações de guerra significou que houve maquinaria alemã que foi desmontada peça a peça e remontada noutros países. Em 1945, uma reduzida BMW dedicava-se a fabricar utensílios de cozinha.

Em dificuldades, a solução veio novamente sobre duas rodas. Em Dezembro de 1948, a fábrica começou a produzir uma nova moto. Foi um sucesso e, no ano seguinte, foram vendidas 9144 unidades. Apenas dois anos depois, a marca pôs no mercado o seu primeiro automóvel após o fim do conflito: o modelo 501 era um carro de luxo grandes dimensões, com as linhas curvas típicas daquele período, e com lugar para seis pessoas. Não foi um sucesso comercial, mas ajudou a relançar a BMW no pós-guerra.

Próximos 100 anos
Nesta segunda-feira, a empresa apresentou o BMW Vision Next 100. É apenas um conceito, uma estrutura de carro que está longe de funcionar, mas que pretende ser uma ideia do que será o automóvel daqui a um século.

O modelo seria um carro capaz de condução autónoma, o tipo de tecnologia em que o sector tem vindo a investir nos últimos anos e que muitas marcas afirmaram querer colocar no mercado já na próxima década. Porém, a BMW acredita que o prazer de condução vai continuar a aliciar pessoas daqui a 100 anos: caso queira, o condutor tem a opção de assumir os comandos. Neste caso, o pára-brisas funciona com realidade aumentada, sobrepondo imagens digitais ao que se passa na estrada para dar ao condutor não apenas a informação que tipicamente se encontra hoje nos painéis de instrumentos (como a velocidade ou os quilómetros percorridos), mas também, por exemplo, uma indicação da melhor trajectória.

Já quando o condutor não quiser ter as mãos no volante, este recolhe-se e os bancos mudam de posição, para que o carro se torne em algo mais próximo de uma pequena sala de estar sobre rodas (uma ideia que também a alemã Mercedes já apresentou). E, como não podia deixar de ser, o carro não emite gases poluentes.

“Demonstrámos em inúmeras ocasiões ao longo da história que nós somos capazes de aprender rapidamente e dar passos ambiciosos”, afirmou o presidente não executivo da empresa, Harald Krüger. No entanto, se mais de um século de história automóvel mostra alguma coisa é que a visão que a BMW apresentou agora dificilmente será igual aos carros de 2116.

 

 

 

 

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