Mais acções da Corticeira em bolsa rendem 105 milhões a irmãos Amorim

Operação faz subir a dispersão em bolsa para 25% do capital. Título valorizou 75% nos últimos 12 meses.

Foto
António Rios Amorim, presidente da Cortieira, já tinha defendido maior dispersão de capital. Nélson Garrido

Os dois irmãos que controlam a Corticeira Amorim SGPS, António Ferreira do Amorim e Américo Amorim, venderam cada um 5% do capital da empresa cotada em bolsa, uma operação que pode ajudar a valorizar mais o título, que nos últimos 12 meses subiu 75,41%.

A operação permitiu um encaixe de 105 milhões de euros que vai directamente para os dois ramos da família, e que continuaram com um participação conjunta muito confortável, que desce de 84,8% para 74,8%.

Com a venda exclusivamente a investidores institucionais através de um processo de venda rápida (accelerated bookbuilding), os dois accionistas pretendem “contribuir para o reforço do nível de dispersão do capital social da corticeira Amorim, indo de encontro ao crescente interesse manifestado por investidores, nacionais e internacionais, potenciando a liquidez do título e fomentando uma maior representatividade do título no PSI20”.

PÚBLICO -
Aumentar

Em entrevista ao PÚBLICO, em Setembro, o presidente da Corticeira Amorim, António Rios Amorim, já tinha adiantado alguma informação. “[a maior dispersão em bolsa] será um dos próximos temas de discussão entre os accionistas. A família, desde 1988, nunca teve uma participação tão grande como tem hoje. Tinha 55%, 51%... Só nos últimos anos é que, com a desvalorização da empresa em bolsa, comprámos e reforçámos a nossa posição accionista.  Algum aumento de liquidez será bem visto pelo mercado porque aumenta a profundidade do título. (…) É algo que está em cima da mesa, mas não estamos nunca a falar de dispersões muito grandes”, afirmou o empresário.

A venda, realizada a 7,90 euros por acção, 8,6% menos que a última cotação, gerou na sessão desta sexta-feira um ajustamento do título para esse valor, terminando a 7,96 euros. A operação de venda e a sua conclusão foram comunicadas ao mercado esta quinta-feira, depois do encerramento da bolsa.

A correcção aconteceu numa sessão globalmente negativas nos mercados accionistas - o  principal índice português, o PSI20, encerrou a perder 1,36% - a reflectir o maior nervosismo dos investidores em relação ao  resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

A corticeira Amorim, que ganhou maior visibilidade com a “promoção” ao PSI 20, em 2015, e com a venda de 5,5%  de acções próprias em Setembro desse ano, acumula um ganho superior a 70% nos últimos 12 meses. Recentemente, o título atingiu o valor mais alto de sempre, chegando aos 9,90 euros.

José Mota Freitas, analista do CaixaBI, considera que a operação é positiva para a corticeira “pela subida free float para 25% (dos actuais 15%), o que contribui para o aumento da liquidez do título, bem como para a melhoria da sua representatividade no índice PSI-20”.

Para este analista, a dispersão adicional de acções resultante da venda revelar-se-á benéfica para o título.

A corticeira anunciou na semana passada que o lucro líquido 55 milhões de euros nos nove meses de 2016, um aumento de 33% face a período homólogo, e que é igual ao resultado de todo o exercício de 2015.

Foto
Corticeira Amorim é líder mundial no processamento de cortiça. Nélson Garrido

Recentemente, a empresa, que é líder mundial na transformadora de produtos de cortiça,  comunicou ao mercado que uma das empresas do grupo, a Amorim Flooring Investments, celebrou um acordo definitivo para vender a sua participação de 25% na US Floors, adquirida em 2008.

À parte da corticeira, Américo Amorim tem vários negócios pessoais, desde investimentos na área financeira no Brasil e em Moçambique até ao controlo da Galp por via da Amorim Energia, onde está associado à Sonangol e a Isabel dos Santos. Nesta frente, a Amorim Energia anunciou recentemente a venda de  5% do capital da petrolífera a investidores institucionais. Com Luísa Pinto

Sugerir correcção
Comentar