Ana Gomes critica redução salarial em Portugal durante audição em Bruxelas

Ana Gomes apontou também os efeitos nefastos de um ajustamento das economias por via da redução e destruição de emprego

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Ana Gomes lamenta venda de "infra-estruturas essenciais para a segurança nacional e europeia” ao Partido Comunista Chinês Nuno Ferreira Santos

A eurodeputada portuguesa Ana Gomes criticou nesta terça-feira a redução salarial verificada em Portugal no contexto da acção da troika, ao intervir na comissão de Assuntos Económicos e Financeiros do Parlamento Europeu.

Na ocasião, Ana Gomes apontou também os efeitos nefastos de um ajustamento das economias por via da redução e destruição de emprego, invocando análises da Organização Internacional do Trabalho.

A eurodeputada socialista portuguesa fez a crítica ao intervir na primeira sessão desta comissão parlamentar sobre os resultados da acção da troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) nos países sob assistência e as suas recomendações de austeridade e redução salarial.

A audição sobre a gestão da crise vai-se prolongar nas próximas semanas no Parlamento Europeu.

Entre os economistas chamados a prestar depoimentos estiveram um do Banco Central Europeu, Klaus Masuch, outro do Observatório Francês de Conjunturas Económicas, Xavier Timbeau, e o espanhol Fernando Fernández Méndez de Andes, docente na IE Business School.

Na audição, o FMI esteve ausente, enquanto as outras duas instituições enviaram representantes.O eurodeputado galego Antolín Sánchez Presedo, do PSOE, destacou como uma das razões do fracasso da gestão da crise “o défice de governação na Zona Euro”.

Paul Joiron, professor da Universidade Livre de Bruxelas, foi muito crítico e disse que a troika “baseou todas as suas decisões em razões ideológicas, sem seguir nenhum método científico da Economia”.

Ao contrário, Fernando Andes defendeu as medidas de austeridade como “inevitáveis”, apontando que a solução a longo prazo deve passar “por uma união monetária viável”.

Por seu turno, Timbeau defendeu a redução salarial, argumentando que era “indiscutível” que o custo do trabalho se relaciona com o emprego, dando o exemplo da Espanha franquista.

“Na Espanha de Franco, os salários eram baixíssimos e não havia desemprego. Depois da sua morte, os salários cresceram, com o acordo dos sindicatos, e [o desemprego] disparou para os 20%”, comparou.

Já o eurodeputado conservador austríaco Othmar Karas chamou a atenção para “o problema da legitimidade democrática” da troika.

Karas é um dos deputados que vai redigir o relatório no fim das audições, juntamente com o socialista francês Liem Hoang Ngoc.

A propósito destas audições sobre a 'troika', o porta-voz do comissário europeu da Economia, Olli Rehn, destacou a predisposição da Comissão em colaborar com os eurodeputados, justificando a sua ausência desta audição “por motivos de agenda”.

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